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5º Dia da greve dos profissionais de saúde: a luta continua por tempo indeterminado

A Associação Médica de Moçambique (AMM) e a Comissão dos Profissionais de Saúde Unidos (CPSU) reiteraram, esta Sexta-feira (24), em Maputo, que a greve que observam, desde esta Segunda-feira (20), vai continuar por um tempo indeterminado, ou seja, só vai cessar quando o Governo para de intimidar os profissionais da classe e outro pessoal que aderiu à causa, bem como quando respeitar o caderno reivindicativo de forma satisfatória.

A AMM e a CPSU, afirmaram em conferência de imprensa a jornalistas que aproximadamente 95% dos profissionais da Saúde estão em greve desde Segunda-feira. O presidente da AMM, Jorge Arroz, disse que a greve em curso é legítima e é fudamentada pelo número 01 do artigo 87 da Constituição da República moçambicana, que sublinha que: “Os trabalhadores têm direito á greve.”

Entretanto, tem havido uma tentativa, por parte do Executivo, de atropela esse direito consagrado na Lei Mãe, intimida e obriga a classe dos médicos e outros profissionais da Saúde a trabalhar de forma compulsiva, espanca  e prende os mesmos profissionais, particularmente no distrito de Magude. O grupo ora maltratado, submetido a torturas psicológicas e físicas, dentre outras atrocidades que testemunham a arrogância dos dirigentes hospitalares, não está a fazer nada de errado senão reivindicar os seus direitos.

Jorge Arroz sublinhou que a grande preocupação dos prestadores de serviços públicos, no sector da saúde, no país, passa por proporcionar um atendimento hospitalar digno e humanitário para os seus compatriotas. Mas para o efeito é preciso que se criem mínimas condições de trabalho, diferentemente do que acontece actualmente, em que falta quase tudo, isto é, medicamentos, batas, mascaras, equipamento de protecção pessoal, remuneração satisfatória e valorização da pessoa que cuida dos doentes. Mas esta mesma pessoa faz de tudo para salvar vidas.

“Nós fomos abandonados para privilegiar outras prioridades fora do sector da saúde”, disse Arroz, que recordou à população que os médicos não estão alheios e insensíveis à falta de atendimento clínico, mas sim cansados com a onda de opressão e humilhação a que estão voltados. O fim do sofrimento de tantos moçambicanos está nas mãos dos dirigentes deste país e que devem valorizar o trabalho de todos profissionais da Saúde.

Arroz acrescentou que “a Constituição da República no seu artigo 80 defende que todo o cidadão tem o direito de não acatar ordens ilegais ou que ofendam os seus direitos, liberdades e garantias. O n°3 do artigo 112 acrescenta que “o Estado defende que o trabalho igual deve corresponder ao salário igual”.

A classe médica mostra-se preocupada com o rumo da greve, porque o Governo não se mostra aberto a um diálogo franco e construtivo para ultrapassar o diferendo entre as partes, assegurou Arroz. As alegações do Executivo de que a comissão está desorganizada é uma mentira, porque todos parâmetros das inquietações foram definidas de forma clara e organizada no caderno reivindicativo, respondeu Arroz.

O que mais agastou o pessoal da Saúde é que o reajuste salarial foi definido à sua revelia, violando o memorando acordado entre a AMM e o Governo.

Atendimento médico cada vez mais condicionado

Ao quinto dia da greve é cada vez mais evidente a incapacidade do Ministério da Saúde em colmatar a ausência dos médicos, enfermeiros e mesmo dos serventes.

Na maior Unidade Hospitalar do país, o Hospital Central de Maputo, o cenário começa a arrepiar desde a entrada do Banco de Socorros onde antes mesmo dos doente entrarem são submetidos a uma triagem informal, efectuada por socorristas da Cruz Vermelha, que procuram dissuadir a entrada de cidadãos que aparentam não sofrerem de enfermidades graves.

Embora não seja dito abertamente não há serviços médicos a lista do que não há começa na impossibilidade de fazer um simples raios X, uma ecografia ou um teste de malária, passando por atendimentos mais especializados de urologia, radiologia e até mesmo hemodiálises não estão a ser feitas. Das enfermarias chegam-nos relatos de doentes que tem sido forçados a limparem as casas de banho que usam e de roupa hospitalar suja que se vai acumulando.

Na cidade capital de Sofala, Beira, temos relatos que hoje as portas do maior Hospital no centro de Moçambique estiveram fechadas, por profissionais em greve, que impediram a entrado dos colegas que estão a furar a paralisação. Há indicações que a polícia foi chamada para obrigar a abertura do Hospital. Entretanto os doentes desesperam e temos relatos de uma doente que terá mesmo saltado o muro od HCB para procurar atendimento a alguém que estivesse a trabalhar no interior.

Na capital norte, Nampula, doentes internados no Hospital Central local tem recebido acompanhamento médico irregular. As consultas não tem estado a acontecer funcionando apenas o Banco de Socorros onde médicos militares juntaram-se aos médicos estrangeiros que tem estado a assegurar os serviços mínimos.

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