Moçambique, através da União Nacional de Camponeses/Via Campesina e a Justiça Ambiental/Amigos da Terra Moçambique, participou da Caravana Trans-africana de Esperança durante a realização da 17ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP17) na cidade Sul-africana de Durban entre os dias 28 de Novembro e 9 de Dezembro de 2011.
A Caravana Trans-africana de Esperança, uma iniciativa continental composta por mais de 15 caravanas de cada país integrante, constituiu uma “campanha de mobilização e de criação de consciência dos povos africanos e o resto do mundo, contando a história africana sobre as mudanças climáticas e seus impactos nefastos e irreversíveis, enquanto fazia demandas e exigência dos povos africanos aos seus líderes e ao resto do mundo”.
A campanha também chamou atenção dos líderes africanos para a questão das mudanças climáticas. Mobilizou quase toda a sociedade civil africana e articulou demandas de advocacia para líderes africanos de modo a incluírem a agenda dos povos no que diz respeito às mudanças climáticas e justiça social dentro da Cop17, educando assim acerca dos impactos das mudanças climáticas no contexto africano.
“Nós consideramos uma crise na vida do povo africano e, em particular, para o nosso País, isso não fica bem, porque se se incluir a agricultura no comércio de carbono significa que (os países industrializados) vão ser autorizados a fomentar a agricultura industrial, por exemplo, o plantio de eucaliptos, isso pode complicar, pois não é uma solução que vai resolver a situação dos países e muito mais na situação da soberania alimentar” disse o presidente da UNAC-Via Campesina Moçambique, Augusto Mafigo em entrevista.
Renaldo Chingore João, um importante dirigente da União Nacional de camponeses (UNAC) /Via Campesina África, destaca a pertinência da troca de experiências e exemplos de mobilização diante da complicada situação do mundo pela acção do homem.
“A resistência dos povos principalmente das organizações locais, a maneira como estão a se expressar, a maneira como estão a transmitir a sua experiência e a luta que eles estão a travar”, Disse Chingore reconhecendo, por outro lado, as dificuldades enfrentadas por diversas organizações campesinas do continente e a grande esperança que as várias frentes de luta dos povos representam.
Entretanto, o responsável alerta ainda para o facto de os camponeses de Moçambique e de toda a África e do mundo estarem a enfrentar uma das piores ameaças globais.
”Os Camponeses já não conhecem o calendário agrícola. Neste momento os camponeses já não conseguem produzir para poder sustentar suas famílias. A crescente presença das grandes empresas que querem ocupar as áreas dos camponeses constitui um exemplo nítido dessas ameaças”
De acordo com a Directora do Conselho de Direcção da Justiça Ambiental-JA! Anabela Lemos, a Caravana moçambicana composta pela UNAC, Via Campesina e JA! levou ao COP17, uma mensagem de exigência para que seja feita a justiça climática agora.
“Nós não podemos esperar mais tempo, os problemas climáticos estão a agravar-se cada vez mais em África e nós precisamos de cortes drásticos de emissões para podermos conseguir viver em África”.
Durante a estadia em Durban, a equipe participou em várias actividades e acções, como por exemplo “A acção contra os mercados de carbono, e outras falsas soluções”, exigindo medidas urgentes e radicais nos cortes de emissões.
Além desta, participaram também nas marchas mundiais, do dia 3 de Dezembro “ Exijindo Justiça Climatica” e na marcha do dia 5 sobree agroecologia e soberania alimentar.