Numa iniciativa levada a efeito pela Universidade Lúrio , teve lugar ao princípio da noite de ontem, quarta-feira, na cidade de Nampula, o lançamento simultâneo de um disco compacto e um livro de banda desenhada, de autoria do músico Constantino Uarila e do artista gráfico Justino Cardoso, respectivamente.
Neste seu primeiro CD, “Mwana Uarila” (Uarila Filho), como é popular e carinhosamente tratado, congrega os temas de maior sucesso do seu vasto reportório de música de cariz tradicional imbuída de conteúdo didáctico (ou não fosse ele um docente!), interpretada através do seu inseparável instrumento de quatro cordas, de fabrico artesanal, que dá pelo nome de “khanakari”.
“Este é um dos dias mais felizes da minha vida, pois que pude, finalmente ver concretizado um sonho que acalentava há mais de três décadas da minha longa trajectória artística.” Confessou-se-nos, visivelmente emocionado, o popular e ora consagrado decano da nossa música folclórica.
Justino Cardoso, artista gráfico de méritos há muito reconhecidos na província de Nampula e na região norte, mercê do seu irrefutavel talento nato, desabrochado precocemente (quando, ainda, frequentava a Escola Promária do seu povoado natal em Eráti, Namapa), e generosamente patente nas exposições que realiza periodicamente em homenagem a figuras locais e nacionais de relevante desempenho, sob o título genérico de “Figuras do Meu Tempo”, e de outras exposições de carácter permanente e de elevado alcance paradigmático, que promove em instituições públicas dos distritos e da capital provincial.
O livro “Moçambique 1498-2009 de Justino Cardoso, composto por 144 páginas compartimentados em 10 capítulos, constitui, como salientou, na sua intervenção, o presidente da autarquia de Nampula, Castro Namuaca, um factor de reavivamento das memórias colectivas de antanho, e, paralelamente, de aprofundamento da compreensão dos contornos do percurso contemporâneo da história do nosso país, que deve ser preservada para as gerações vindouras.
O catedrático Carlos Mussa, destaca, no prefácio, que o “livro convida-nos a caminhar na longa floresta da História de Moçambique, em constante construção, reconstrução e consolidação”, e observa que o mérito da obra consiste, ainda, no “facto de revelar a história de Moçambique, do Rovuma ao Maputo, sem ambiguidade nem complexidade”, acrescentando que conquanto confira, aparentemente, maior relevo à região norte de Moçambique, o estudo constitui uma mais valia ao conduzir-nos a uma visita ao país real.”
A iniciativa da apresentação das duas obras, conquanto configure, implicitamente, uma homenagem aos seus autores, representa, sem dúvifda, um estímulo inestimavel ao desenvolvimento do nosso património cultural, sobretudo da zona norte, onde as assimetrias no sector continuam confrangedoramente renitentes.
A anteceder a sessão de autógrafos, a que acederam com natural afabilidade, Constantino Uarila e Justino Cardoso exprimiram publicamente a seu gratificante reconhecimento à Universidade Lúrio, na pessoa do Maginífico Reitor da Unilúrio, Jorge Ferrão, e a todos quantos tornaram possível a concretização da daquele se velho sonho.