Os eleitores portugueses vão definir nas legislativas de domingo quem, se José Socrates ou Manuela Ferreira Leite, será chamado a governar o país, escolhendo, além dos projetos políticos, entre duas personalidades totalmente contrária. Há várias semanas, a imprensa portuguesa vem fazendo um de seus testes favoritos: encontrar um ponto em comum entre o atual primeiro-ministro socialista e sua rival do Partido social democrata (PSD, centro-direita).
Nascido há 52 anos perto de Vila Real (norte), José Socrates cultiva a imagem de um homem moderno, esportivo e elegante, fã de histórias em quadrinho e de rock. Chamado de arrogante ou autoritário por seus adversários, ele tentou pacientemente nas últimas semanas melhorar sua imagem, admitindo uma “falta de delicadeza” na gestão de alguns casos, em particular uma reforma da educação muito contestada.
Diante dele, Manuela Ferreira Leite, economista nascida em Lisboa em 1940, escolheu apostar em sua imagem de seriedade e competência, indiferente a seus críticos que, até dentro de seu próprio partido, se mostraram preocupados com sua austeridade. Primeira mulher a dirigir um grande partido político em Portugal, ela afirma não se preocupar com sua aparência e privilegiar a autenticidade. Ela decidiu, contra a opinião de seus conselheiros, não participar de nenhum comício, preferindo comitês restritos e com horários limitados. Orgulhosa de sua trajetória profissional em altos cargos públicos e no setor bancário, esta ex-ministra das Finanças sempre é questionada sobre as competências de seu adversário socialista em termos econômicos.
Eleito deputado aos 30 anos, várias vezes ministro, José Socrates fez toda sua carreira na polícia e se viu envolvido em várias polêmicas que ofuscaram sua imagem. Engenheiro de formação, ele teve durante muito tempo que se defender de ter se beneficiado de um diploma de benevolência. O nome dele foi também citado em um suposto caso de corrupção na época em que era encarregado do ministério do Meio Ambiente. Aberta em 2004, a investigação “Freeport”, do nome de um centro comercial instalado em uma área protegida, ainda está em processo.
Católico praticamente, a presidente do PSD se pronunciou claramente contra o casamento homossexual que José Socrates se comprometeu a legalizar em caso de eleição. Fã de corrida, o primeiro-ministro não perderia por nada no mundo a meia maratona de Lisboa.
Segundo a imprensa, Manuela Ferreira Leite relaxa fazendo sudoku quando não está com os netos. Até o futebol os separa: entre os dois grandes clubes de Lisboa, Socrates torce para o Benfica e Ferreira Leite prefere o Sporting.