O líder líbio, Muamar Kadhafi, pronunciou rasgados elogios a Barack Obama e afirmou que não ficaria chateado se o presidente americano tivesse um mandato vitalício, mas, logo em seguida, defendeu a posição dos talibãs, durante seu longo discurso esta quarta-feira, na Assembleia Geral da ONU. Kadhafi, que está há 40 anos, elogiou o discurso de Obama, que o precedeu na tribuna da ONU, e no qual o presidente americano prometeu um compromisso renovado com a comunidade internacional, ao contrário das tensas relações nesse sentido de seu antecessor, George W. Bush.
“Foi completamente diferente, para um presidente americano”, assinalou Kadhafi a respeito do discurso de Obama. “Você o começo de uma mudança”. Mas acrescentou: “Podemos garantir que, depois de Obama, os Estados Unidos serão diferentes?” “Seríamos felizes se Obama pudesse ficar para sempre como presidente de Estados Unidos”, assinalou o líder líbio em seu discurso ante os chefes de Estado e de Governo presentes no encontro anual das Nações Unidas em Nova York.
Mas Kadhafi também saiu em defesa dos talibãs afegãos. “Por que somos contra os talibãs? POr que somos contra o Afeganistão?. Se os talibãs querem criar um Estado religioso como o Vaticano, tudo bem. Por acaso o Vaticano constitui um perigo para nós? Não. Se os talibãs quiserem criar um emirado islâmico, quem disse que (por isso) são inimigos?”, questionou.
Kadhafi também declarou que a África deveria receber 7,77 bilhões de dólares de seus ex-colonizadores como forma de compensação. “A quantia de 7,77 bilhões de dólares é a indenização que merece a África colonizada”, clamou Kadhafi durante seu longo, no qual não especificou como chegou a este valor. “Os africanos vão cobrar isso, e se vocês não derem a eles esta soma de 7,77 bilhões, os africanos irão para onde vocês levaram estes bilhões. Eles têm direito de recuperar este dinheiro, e é isso que vão fazer”, afirmou.
Em seu discurso, o primeiro pronunciado diante da Assembleia Geral da ONU, o coronel Kadhafi criticou com veemência a dominação exercida sobre o Conselho de Segurança por seus cinco membros permanentes (China, Estados Unidos, Rússia, França e Grã-Bretanha). O líder líbio discursou durante uma hora e 35 minutos na assembleia, apesar de o tempo de palavra concedido a cada chefe de Estado e de governo ser de apenas 15 minutos. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também ultrapassou seu tempo de palavra, ao pronunciar um discurso de 40 minutos.
O recorde absoluto pertence ao dirigente cubano Fidel Castro, que falou durante quatro horas e meia em 1960.