“Malangatana no Barreiro – Elemento Escultório Paz e Amizade” é o nome da exposição que desde o passado dia 2 está patente na entrada do Fórum Barreiro, a escassos metros do local onde está a ser erguido o Monumento que o Mestre moçambicano concebeu.
Esta mostra visa divulgar o trabalho desenvolvido pelo artista e que será inaugurada na já designada Praça da Amizade, na noite do próximo dia 14. Além de oito painéis com fotografi as e textos sobre o trabalho desenvolvido pelo Mestre Malangatana, durante seis meses, a Exposição mostra também alguns dos materiais usados na elaboração do monumento e uma peça em mármore esculpido, bem como momentos importantes que vão desde a assinatura do contrato até à visita de alunos das escolas.
Ao lado, dentro da “black box”, pode ainda ser apreciado um documentário cinematográfico sobre o artista. “É motivo de satisfação e orgulho termos connosco uma fi gura ímpar da cultura moçambicana e africana”, referiu o presidente da Câmara Municipal, Carlos Humberto de Carvalho, no acto inaugural da exposição. Relativamente ao elemento escultórico, o autarca considera que marcará o Concelho do Barreiro pela sua importância cultural, sendo um contributo para revitalizar, consolidar e alargar o centro da cidade mas, salientou, “a obra sublinha a continuação de um percurso comum de mais de 500 anos de História entre os povos português e moçambicano”.
Por sua vez, o Mestre Malangatana referiu que a ideia de construir tal obra partiu de um barreirense, após uma exposição de trabalhos seus, em 2001. “Eu disse que tinha medo de aceitar essa incumbência. Pesava-me bastante porque o Barreiro é uma cidade histórica e importante. Disse que gostaria de fazer mas não sabia se tinha coragem”, referiu. Todavia, após ter participado, no ano passado, na mostra “Arquitectura em Pedra”, em Maputo, Malangatana Valente Ngwenya decidiu aceitar o desafio e, ainda em Moçambique, começou a fazer os esboços.
Obra de concepção moçambicana Mitologia e amor, entre outros temas lavrados nos painéis de mármore que compõem o Monumento à Paz e à Amizade entre os Povos, foi concebido na sua forma, desenhado e realizado por Malangatana Valente Ngwenya que a ele se entregou, de alma e coração, durante seis meses. Ao seu lado, com a mesma dedicação, rasgando e desventrando o mármore, Firmino Quefaz, um operário dos mármores de Moçambique, cedido por aquela empresa.
A concepção da estrutura arquitectónica do monumento onde são afixados os painéis teve a assinatura dos arquitectos Luís Lage, actual director da Faculdade de Arquitectura de Maputo e Stefan Marcelino e, segundo Malangatana, teve também colaboração do Eng.º Jorge Silva e dos arquitectos Júlio Carrilho e José Forjaz. De referir que, pelo facto de a obra de Malangatana fi car localizada bem no coração da cidade, moçambicanos, em particular e população em geral, movidos pela curiosidade, quase em romaria, visitam o local para verem o monumento nascer. Na passada segunda-feira, entre outros, marcou ali presença, junto do Mestre moçambicano, António Almeida Matos, Administrador do Moza Banco.
De referir também que o acto inaugural desta obra de Malangatana Valente Ngwenya, de total concepção moçambicana, terá mais autenticidade através da presença e actuação do Grupo Xipana-Pane que trará músicas e danças das raízes e tradições, num verdadeiro mosaico da cultura moçambicana.