Cerca de 40 por cento dos cereais produzidos anualmente em Moçambique deteriora-se nos armazéns ou celeiros por falta de meios de conservação e processamento. Isto significa que mais de um milhão dos 2,6 milhões de toneladas de cereais produzidos durante a última campanha agrícola (2008/2009) poderão apodrecer, se não forem rapidamente criadas condições para o seu processamento ou mesmo conservação adequada.
Segundo o académico e pesquisador moçambicano, Firmino Mucavel, essa situação tem propiciado a carência de alimentos em determinadas regiões do país durante um certo período do ano. Mucavel falava durante o diálogo regional sobre agricultura, um encontro promovido pela Rede de Análise em Políticas de Agricultura, Alimentação e Recursos Naturais (FANRPAN) que terminou na segunda-feira, em Maputo.
Citado pelo jornal “Diário de Moçambique”, Mucavel explicou que a deterioração dos cereais é também agravada pela ausência de vias de acesso que permitiriam o escoamento da produção para os mercados. A titulo de exemplo, Mucavel, também docente da Universidade Eduardo Mondlane, a maior e mais antiga instituição do ensino superior do país, disse que, nas campanhas agrícolas passadas, os agricultores perderam enormes quantidades de alimentos, principalmente de milho, arroz e mapira, por causa da falta de meios adequados para a sua conservação e processamento.
“O Governo tem que começar a criar condições para que esta situação seja ultrapassada, tendo em conta que a produção de cereais no país está a crescer devido as actividades levadas a cabo no âmbito do Plano (trienal) de Produção de Alimentos (2008/2011)”, disse a fonte. Entretanto, este plano trienal do Governo prevê a construção de silos em algumas províncias do país com altas potencialidades agrícolas, com capacidade de armazenar 60 mil toneladas de alimentos.
A primeira fase de construção destas infra-estruturas iniciou, ano passado, nas províncias de Niassa e Nampula (no Norte do país) bem como em Manica e Zambézia, no Centro do país, contando com um investimento de cerca de 10 milhões de dólares.
A segunda fase do projecto começou este ano, abrangendo as províncias de Gaza (Sul do país), Tete (no Centro) e Cabo Delgado (Norte do país).