O jornalista fotográfico e e cineasta Christian Poveda, assassinado em El Salvador, era um “humanista comprometido” e independente que buscava a verdade em suas investigações, muitas delas na América Latina, a última delas sobre a gangue dos “maras”, tema de um filme que será lançado no fim do mês.
Poveda, de 54 anos, apareceu morto com vários tiros no corpo, no norte de San Salvador. Autor independente do documentário e especializado em América Latina, assinou artigos em diversas publicações de prestígio, como El País, L’Observer, New York Times, Paris Match, Stern ou Time Magazine.
O anúncio de sua morte causou uma “comoção” entre os jornalistas, que lhe prestaram homenagem nesta quinta-feira. Filho de republicanos espanhóis refugiados na França, Christian Poveda começou sua carreira de fotógrafo em 1977 cobrindo a guerra da Frente Polissário no Saara Ocidental. Em seguida, fez reportagem em Cuba, Iraque, Irã, El Salvador e Argentina.
Em 1981, o fotógrafo começou a usar uma câmara de vídeo para realizar o primeiro dos 16 documentários que o levou, finalmente, à “Vida louca”, um longa metragem de 90 minutos sobre uma gangue em El Salvador. Este filme, o primeiro destinado especificamente ao cinema, estreia em 30 de setembro.
O documentarista nunca deixou de carregar sua máquina fotográfica, com a qual fez reportagens sobre o Sendero Luminoso no Peru, a queda de Ferdinand Marcos nas Filipinas, ou as touradas. Foi repórter de Sipa Press (1982-1987) e Keystone (1987-1988). As fotos dele eram distribuídas pela Agência Vu. Christian Poveda “tinha convicções humanistas.
Era profundamente comprometido”, mas trabalhava sem ideias preconcebidas, sem tomar partido, afirmou nesta quinta-feira à AFP Alain Mingam, fotojornalista e amigo dele havia muito tempo. Para Hervé Chabalier, diretor-geral da agência Capa, “era um fotógrafo muito bom, um verdadeiro jornalista que nunca renunciava, um daqueles que vai até o fim de sua história”.
Chabalier disse que vai enviar uma equipe da revista para El Salvador: “Quero saber o que aconteceu. Os jornalistas merecem que alguém se interesse pela maneira como morreram, principalmente os jornalistas batalhadores como ele. Morreu em defesa da informação, para servir a seu ofício, para servir aos cidadãos que precisam de jornais e imagens”.