O vice-Ministro da Planificação e Desenvolvimento, Vítor Bernardo, reconhece que, apesar dos progressos que a economia moçambicana tem vindo a registar, nos últimos anos, o nível de pobreza nas famílias camponesas é ainda significativo.
Bernardo, que falava à AIM a propósito do lançamento, na passada Segunda-feira, em Pemba, na província nortenha de Cabo Delgado, do Programa de Promoção de Mercados Pobreza ainda persiste nas famílias camponesas Lucas Mavuie, AIM (Colaboração) Rurais (PROMER), disse que também é ainda significativo o nível de vulnerabilidade das famílias camponesas a crises alimentares.
“Essas crises são originadas por factores climatéricos adversos e isso ocorre devido, sobretudo, às suas práticas culturais pouco produtivas, que limitam a disponibilidade de produtos quer para o seu consumo, quer para a venda no mercado”, considerou o governante moçambicano.
Segundo Vítor Bernardo, produzindo pouco, com fraca qualidade e de forma dispersa, “os camponeses estão numa posição de fragilidade para competir nos mercados cada vez mais competitivos, para além de que há problemas de vária ordem ao longo da cadeia de comercialização de produtos, que afecta ainda mais a competitividade dos camponeses”.
Para o vice-Ministro da Planificação e Desenvolvimento, “este ambiente não estimula o desenvolvimento do negócio agrícola envolvendo este tipo de produtores”, sendo o Programa de Promoção de Mercados Rurais uma das formas de melhorar tanto a competitividade dos pequenos produtores, quer o comércio rural. Por outro lado, aquele dirigente referiu que, apesar da crise financeira mundial, a produção global de Moçambique registou, este ano, um crescimento na ordem de sete porcento, graças a medidas adoptadas pelo Governo para fazer face ao fenómeno.
“O volume dos investimentos aprovados fixou-se em 397 milhões de dólares, isto para dizer que, apesar da crise, estes indicadores mostram que os fundamentos da economia moçambicana são estáveis”, sublinhou Vítor Bernardo.
O PROMER, uma iniciativa do Governo, co-financiado pelo Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e a Aliança para a Revolução Verde em África, está orçado em mais de 40 milhões de dólares norteamericanos, que vão ser aplicados nos próximos sete anos em 15 distritos das províncias da Zambézia (Centro), Nampula, Cabo Delgado e Niassa (Norte do país).
Trata-se dos distritos situados na zona de influência do Corredor de Nacala, nomeadamente Cuamba, Maúa, Marrupa, Mandimba, Metarica e Mecanhelas (Niassa), Montepuez, Chiúre, Namuno, Ancuabe e Balane (Cabo Delgado), Malema e Ribáuè (Nampula) e Guruè e Alto- Molócuè, na província da Zambézia.
Espera-se que o programa beneficie, directamente, 20 mil pequenos agricultores organizados em associações e cerca de 320 mil agregados familiares ligados à produção, comercialização e agroprocessamento nas zonas rurais.
Tal como indicou o vice-Ministro da Planificação e Desenvolvimento, actualmente, um dos problemas que dificultam o aumento da produção agrícola é o fraco acesso aos mercados, o que faz com que, em alguns casos, os excedentes dos camponeses se deteriorem ou percam valor comercial.
Ao abrigo do programa, haverá um apoio especificamente dirigido a associações de produtores, para além de um fundo destinado a comerciantes rurais, para a comercialização rural, bem como programas de reabilitação de vias de acesso, sobretudo as pequenas estradas e pontes que levam aos locais de produção agrícola, entre outras acções.