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Família de Zófimo Muiuane desconhecia as brigas deste com Valentia Guebuza até a data do assassinato

Zófimo Muiuane assassinou Valentina Guebuza

Foto de Júlia ManhiçaO irmão mais velho e padrinho do réu Zófimo Muiuane disse em tribunal, esta quinta-feira (21), que ele e a sua família não sabiam, até a data do assassinato de Valentina Guebuza, que esta e Zófimo viviam uma “relação de fantochada” e tão-pouco faziam ideia de que o casal enfrentava problemas que acabariam em tragédia, tal como ocorreu na noite de 14 de Dezembro de 2016. Na presença dos demais, o casal “transmitia confiança e um exemplo de amor e carinho”. Por isso, quando os Muiuanes souberam, mais tarde, que havia desavenças bicudas que resvalaram para a morte, sentiram-se preteridos na intermediação de um mal que, afinal de contas, já era de domínio dos padrinhos da vítima e dos pais parentes da mesma.

Valentina Guebuza, filha do ex-Presidente da República, Armando Guebuza, foi assassinada a tiros, alegadamente pelo seu esposo, naquela data, na sua residência sita na Avenida Julius Nyerere, em Maputo.

Armando Pedro Muiuane Júnior, de 54 anos de idade, começou por manifestar o seu profundo desagrado e da família em relação ao homicídio.

Narrou que as famílias Muiuane e Guebuza já se conheciam muito antes de Zófimo e Valentina contraírem matrimónio. Com o casamento, a familiaridade parecia ter crescido e ficado mais consolidada, porém, praticamente esfumou-se desde aquele fatídico dia.

“Somos da mesma paróquia e o casamento deles [Zófimo e Valentina] tinha tudo para dar certo. Esses rapazes eram um exemplo de amor e carinho. Não demonstravam que tinham problemas (…)” ou que estivessem a “viver uma relação de fantochada”, disse o depoente.

Armando Muiuane afirmou ainda que nunca foi chamado para resolver qualquer que fosse o problema que opunha Zófimo e Valentina. Nunca soube que a malograda foi confiscada o passaporte, o bilhete de viagem, os telemóveis e mantida trancada na sua própria casa pelo cônjuge com vista a não viajar para a África do Sul, onde se diz que fazia tratamento médico. “Nós não tínhamos um contacto permanente”.

O declarante foi confrontado com a informação segundo a qual, certa vez, a finada se queixou a ele dos maus-tratos protagonizados pelo esposo e prometeu que iria ajudar de alguma forma o que não aconteceu.

“Meritíssima, a Valentina e o Zófimo nunca me falaram sobre o mau relacionamento deles. A família [Muiuane] não sabia. Infelizmente, a Valentina não está” mais entre o mundo dos vivos “para dizer em que momento falou comigo” sobre o que se passava no seu lar. O que a família Muiuane sabia é que estava diante de um casal que “transmitia confiança (…). Os meus pais” procuram entender por que motivo “foram preteridos neste problema”.

“Eu digo e sublinho” que a vítima e o réu “nunca me falaram” que tipo de desavenças enfrentavam. “Nem os padrinhos me informaram. Estamos perante um facto sobre o qual não fomos colocados a par. Isso é que nos corrói cada vez mais. Não digo que teríamos resolvido o problema, mas teríamos contribuídos de alguma forma”.

Armando Muiuane afirmou, em sede do tribunal, que foi ele quem educou Zófimo e a irmã quando o pai estava indisponível para o efeito, por força maior. Disse igualmente que conhece “muito bem” o arguido como “uma pessoa religiosa, pacífica” e a aproximação e o dialogo entre ambos é franco.

Aliás, custa-lhe crer que as mensagens que circularam nas redes sociais, expondo em praça pública as contrariedades que o irmão supostamente tinha com Valentina, “eram sobre o mesmo Zófimo que conheço”.

Contudo, a juíza Flávia Mondlane perguntou ao declarante como se explica e o que é que levava uma pessoa pacífica e religiosa a andar armada. Ademais como é que Armando não soube que Zófimo era do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE), há 15 anos, sendo que havia sinceridade e abertura entre ambos.

À essa questão, Armando expôs que sabe apenas que todos aqueles que andam armados alegam a necessidade de sua própria defesa. Contradizendo-se, o declarante afirmou: “nem tudo se sabe sobre a vida de alguém que achamos que conhecemos (…)”.

Na insistência, Flávia Mondlane perguntou “o que é que ele [o réu] temia?” a ponto de andar armado se trabalhava numa empresa de telecomunicação do Estado. A resposta foi a mesma.

A defesa da família da Valentina procurou saber por que razão Armando manteve em sua posse a arma com que a malograda foi alvejada mortalmente e não a entregou aos segurança de Armando Guebuza, que foram accionados para o socorro nem à equipa da Polícia que escoltou a viatura em que a vítima foi levada ao Instituto do Coração (ICOR).

O declarante, que por sinal é coronel e esteve afecto às Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), disse que não se entrega um instrumento bélico de ânimo leve a quem quer que seja.

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