Um indivíduo cuja identidade não apurámos foi submetido a maus-tratos até à morte depois de uma suposta tentativa fracassada de assalto a uma residência, na madrugada desta segunda-feira (12), na cidade da Beira, província de Sofala.
O acto bárbaro, tipificado como justiça pelas próprias mãos, aconteceu no bairro de Chingussura, onde os moradores acusam a Polícia da República de Moçambique (PRM) de inoperância e restituir à liberdade, de forma sistemática, os malfeitores neutralizados pela população.
O malogrado era também acusado de pertencer a uma quadrilha de assaltantes com recuso à catanas, segundo apurou o @Verdade.
Ele caiu nas mãos de populares quando a dona da casa onde pretendia roubar gritou pelo socorro. Os vizinhos, que tem estado atentos aos movimentos de presumíveis ladrões, devido à insegurança que assola a zona, partiram para a agressão sem dar tempo ao acusado para se defender.
Mas conta-se também que o finado foi encontrado na rua, na companhia de um amigo, e confundido com ladrão. O seu alegado comparsa pôs em fuga quando se aperceber da agitação dos moradores de Chingussura, alguns dos quais instigando à violência.
O cidadão foi brutalmente espancado com recurso a instrumentos contundentes, alegadamente porque fazia parte dos chamados “homens-catana”. É a quinta vítima que morre nas mãos de populares, desde Janeiro deste ano.
Em 2015, pelo menos 26 pessoas foram vítimas da justiça pelas próprias mãos em Moçambique, de acordo com a informação anual da Procuradora-Geral da República (PGR), Beatriz Buchili, apresentada em Abril último à Assembleia da República (AR).
Em 2016, o número de casos aumentou 27 e o país registou, em média, dois linchamentos por semana, o que demonstra, infelizmente, que esta prática é uma realidade cujo o combate exige o envolvimento de todos os segmentos da sociedade, observou a guardiã da legalidade.
As províncias de Sofala e do Niassa foram as que registaram mais processos-crime, com 18 e 15, respectivamente.