A superlotação das turmas, sobretudo nos cursos pós-laboral, a existência de docentes que supostamente forçam alunas a irem à cama com eles em troca de notas, as ameaças e perseguição, a venda de notas e a existência de professores faltosos são alguns dos problemas que tiram sono aos estudantes da Universidade Pedagógica (UP), delegação de Nampula. Eles alegam que tal cenário influencia sobremaneira no baixo aproveitamento pedagógico e na fraca qualidade de ensino.
Os denunciantes, que pediram a preservação das suas identidades, supostamente por temerem eventuais represálias, os docentes de Contabilidade e Cálculo Financeiro, cujos nomes omitimos por motivos óbvios, são os que se envolvem sistematicamente em actos acima referidos.
“Na época de exames, testes normais e outro tipo de avaliação,” os dois pedagogos “mobilizam os chefes de turma a fim de cobrarem 500 maticais a cada estudante (…). Caso não o faça é reprovado”, relataram os queixosos.
A UP-Nampula conta com cerca de nove mil estudantes, entre laborais, pós-laboral e do ensino à distância.
Eles alegaram que o problema é de domínio da direcção da UP em Nampula. Esta por inúmeras vezes foi colocada a par do assunto mas nunca moveu uma palha sequer com vista a punir os infractores.
“Já manifestamos a nossa inquietação em relação a estas praticas, através de denúncias anónimas, mas sem sucesso”, disse um dos estudantes, acrescentando que o estudante que aborda o problema abertamente é acusado de pretender manchar a instituição.
Segundo os queixosos, um dos aspectos que concorrem para a superlotação de turmas tem a ver o facto de haver estudantes que ingressam após o início das aulas e sem serem submetidos a nenhum exame. Trata-se de familiares ou amigos de gente ligada ao partido no poder, a Frelimo.
Abudo Ossufo, director pedagógico na delegação da UP em Nampula, negou que tenha conhecimento de tais actos. Porém, admitiu que a superlotação de turmas era real, tendo sido ultrapassada com a entrada em funcionamento de 20 novas salas de aula.
De acordo com ele, actualmente, o rácio estudante-professor naquele estabelecimento de ensino superior público é de 29 estudantes por turma.
Todavia, os dados fornecidos por Abudo Ossufo contraiam as declarações de José Castiano, assessor de Reitoria para área de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão, na semana finda, segundo as quais o rácio estudante-professor é de 23.1, ou seja, um docente dá aulas a 23.1 alunos por turma.
Ossufo considerou, numa conferência de imprensa sobre os exames de admissão àquele estabelecimento de ensino para o ano académico 2017, que a corrupção de que os alunos se queixam é falsa, pois o grosso deles opta divulgar inverdades nas redes sociais. “Não apresentam evidências que nos mostrem pistas para levarmos a cabo uma investigação que possa culminar com a tomada de medidas contras os prevaricadores”.
Concorrem para o ingresso na UP-Nampula 6.028 candidatos para apenas 1.877 vagas. Dois novos cursos, nomeadamente, Ciências Alimentares e Engenharia Electrónica, serão leccionados a partir deste ano.