Os acidentes de viação em Moçambique causam um prejuizo anual calculado em 60 milhões de dólares, anunciou hoje em Maputo, a superintendente principal do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) e chefe de gestão de pessoal na mesma instituição, Justina Cumbe.
Esta informação foi anunciada durante o Colóquio Nacional sobre Segurança Rodoviária para identificar as causas e procurar soluções para reduzir o índice de acidentes de viação em Moçambique, um evento que decorreu sob o lema “Segurança-Rodoviária-uma Prioridade Nacional”, e cuja abertura foi dirigida pelo presidente moçambicano. Armando Guebuza.
“Quantos postos médicos, quantas salas de aulas, quantos fontanários poderiam ser construídos com este dinheiro ?”, questionou Cumbe, apresentado um relatório conjunto produzido pela PRM, Instituto Nacional de Viação (INAV) e Administração Nacional de Estradas (ANE), referente ao periodo 2005, do Instituto de Pesquisa no sector de transportes da Universidade de Michigan, EUA, Cumbe disse que a partir de um Produto Interno Bruto (PIB) igual ou superior a 6.100 dólares o índice de mortalidade por acidentes de viação começa a declinar.
“Isto quer dizer que quanto maior for o PIB menor será o índice de mortes por acidentes de viação”, explicou. Explicando a relação entre a sinistralidade e o PIB, Ibrahimo Remane, presidente do Conselho de Administração da ANE, disse que muitos acidentes de viação, sobretudo atropelamentos, ocorrem nas regiões rurais, onde a pobreza é maior, e não nas cidades. “Isso porque nas regiões rurais, as pessoas, na sua maioria crianças tendem a se concentrar junto a berma das estradas para poderem vender os seus produtos. Quando passa um carro, ou um autocarro de passageiros as pessoas saem disparadas para o meio da estrada e por isso acabam sendo atropeladas”, disse Remane, que falava a AIM, a margem do evento. Naturalmente, que existem muito outros factores que ligam o PIB a sinistralidade, tais como a qualidade das estradas e condições mecânicas do parque automóvel de um determinado país.
Prosseguindo, Cumbe fez uma pequena abordagem sobre os dados estatísticos referentes ao primeiro semestre de 2009 que indicam a ocorrência de 2.389 acidentes de viação contra 2.707 em igual período de 2008, cujo saldo foi de 767 e 713 mortos respectivamente. Contudo, apesar de uma ligeira redução, os acidentes continuam a ter um grande impacto devido ao elevado número de mortos.
As principais causas da ocorrência de acidentes de viação em Moçambique incluem o desrespeito ao cumprimento das regras de trânsito por parte dos peões e condutores, excesso de velocidade, ultrapassagens irregulares, condução em estado de embriaguês, má circulação e travessia de peões, deficiência mecânica dos veículos, deficiente sinalização das vias públicas e transporte de passageiros em automóveis inadequados para o efeito.
Fazendo uma análise da evolução do parque automóvel em Moçambique, Cumbe disse que em 1975 existiam 38.425 veículos no país, número que subiu para 290.607 em 2008. Apenas nos últimos quatro anos o parque automóvel cresceu em 83.158 veículos. Segundo Cumbe, em 2005 registaramse em Moçambique um total de 5.636 acidentes de viação, cujo saldo foi de 1.183 óbitos.
Em 2008, o número de acidentes de viação desceu para 5.438 acidentes de viação, enquanto o número de óbitos foi de 1.531, uma subida em 348 óbitos em relação a 2005. Refira-se que Moçambique possuía um parque automóvel de 207.449 veículos em 2005.
“Contudo, o índice de mortalidade (óbitos dividido pelo parque automóvel), baixou de 0,0057 em 2005 para 0,0053 em 2008, embora ainda esteja longe de ser aceitável”, rematou Cumbe. O evento, de um dia, também contou com a presença da ministra da justiça, Benvinda Levi, o ministro do interior, José Pacheco, oficiais superiores e membros das várias forças de lei e ordem em Moçambique, docentes e alunos da Academia de Ciências Sociais, membros das organizações da sociedade civil, entre outros convidados.