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Exploração do monte Filipe pela Kenmare volta a gerar descontentamento em Larde

Exploração do monte Filipe pela Kenmare volta a gerar descontentamento em Larde

Foto de Júlio PaulinoOs líderes das 10 comunidades do distrito de Larde, na província de Nampula, estão de costas voltadas em virtude de um deles ter autorizado a realização de cerimónias tradicionais para o início da exploração de monte Filipe pela mineradora Kenmare. Trata-se de um local sagrado para os naturais daquela região e onde realizam cultos.

O monte Filipe detém elevadas reservas de minérios pesados, nomeadamente zircão, ilmenite e rutilo, cujo começo da extracção está previsto para Janeiro próximo, segundo avançou ao @Verdade um dos líderes locais.

O clima de tensão em Larde começou quando, dos 10 líderes tradicionais, apenas três fizeram parte da cerimónia que avaliza o início da destruição da montanha.

Francisco Ibramugy, líder da comunidade de Tipane, acusa o auto-proclamou Rei Mathapa, Diamantino Ibraimo, de infringir o acordo rubricado em Agosto passado entre as comunidades, os governos local e provincial e a empresa Kenmare.

É que, de acordo os líderes locais, a cerimonia de evocação dos defuntos para a exploração do monte Filipe estava condicionada, no mínimo, à construção da ponte sobre o rio Melule, que liga a zona mineira de Tipuito e a vila sede de Larde.

Face à suposta violação do assentimento, suspeita-se que Diamantino Ibraimo tenha recebido subornado da Kenmare para acelerar a cerimónia com vista a dar início à exploração daquele monte.

O visado reconheceu a discórdia que o coloca em rota de colisão com os outros líderes tradicionais e a população, mas alegou que nunca recebeu qualquer tipo de suborno. A cerimónia tradicional foi realizada para salvaguardar os interesses dos habitantes de Larde.

“A Kenmare confirmou que o processo de construção da ponte exigida pela população está avançado. Identificámos, com os outros líderes, um local apropriado para dar continuidade à veneração dos nossos ancestrais e não vejo impedimento para que não se entregue o monte Pilipe”, disse Diamantino Ibraimo, apontando que, em Janeiro do próximo ano, inicia a exploração de minérios numa área de cerca de 250 hectares.

ArquivoRefira-se que em resposta às questões enviadas por escrito pelo @Verdade, a mineradora esclareceu que “procedeu a uma ampla consulta junto das comunidades durante o processo de licenciamento ambiental e durante o processo de licenciamento de terras, em conjunto com as autoridades governamentais a vários níveis. Também teve lugar uma perfuração exploratória na área do Monte Filipe em 2001 e 2002”.

Na mesma missiva, a mineradora disse que “em nenhum momento qualquer um dos líderes ou representantes da comunidade identificaram o monte Filipe como um local sagrado e nunca foram colocadas objecções ao programa original de perfuração da Kenmare. Os estudos de viabilidade económica e técnica do projecto foram baseados desde o início como sendo a área Monte Filipe parte integrante da mina, a qual contém elevados graus de ilmenite e zircão”, explicou a mineradora.

Bruge Rupia, administrador do distrito de Larde, confirmou ao @Verdade a realização, a 24 de Novembro último, da cerimónia em questão e ele estava presente.

Entretanto, o nosso interlocutor não disse qual era o objectivo do tal evento. Ele disse que o projecto que a Kenmare pretende implementar no monte Filipe apresenta irregularidades, pelo que o contrato entre o governo e a mineradora devia ser revisto.

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