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SELO: A nossa briosa Polícia de Trânsito em Maputo – Por Sérgio Assubuji

Quando leio e/ou oiço comentários sobre a situação do país, pergunto-me se os dirigentes que se dizem nossos, também lêem e ouvem a mesma coisa. Não me parece. Parece, sim, é que eles vivem num mundo e uma realidade que não é a mesma que nós, o povo.

Não é simplesmente possível que com tantas chamadas de atenção, tantas críticas, tantas reclamações, a classe dirigente continue a dizer que está tudo bem, para o povo não se preocupar. E quem critica é sempre movido por forças estrangeiras e, se calhar, as mesmas pessoas a quem eles foram pedir empréstimos, a quem pedem ajuda quando há calamidades, a quem pedem ajuda para reforçar o Orçamento do Estado e de quem esperam sempre donativos. Gostaria de falar de algumas situações que me chocam e revoltam, relativamente à actuação da nossa briosa Polícia de Trânsito (PT) na cidade de Maputo.

Primeiro, a PT mostra-se sempre tão zelosa e diligente a prevenir os acidentes de viação, sempre a medir a velocidade à espera de apanhar alguém que conduza a 65km/h às 09 horas da manhã de domingo na Avenida da Marginal. É claramente uma violação grave ao Código de Estrada o excesso de velocidade! Pode provocar acidentes gravíssimos, mas os mesmos policiais nunca se lembraram de colocar uma patrulha móvel.

Eles até têm uns carros e motos muito bonitos. Na Estrada Nacional número 4 (EN4), quando escurece, a PT está lá a proibir a circulação de camiões sem iluminação que, como é por demais sabido, são causadores de inúmeros acidentes de viação bastantes graves. Aquela é uma via de circulação rápida. Deve dar muito trabalhão e pouco rendimento aos policiais.

Eu sou utente da EN4. Com bastante frequência cruzo com camiões sem qualquer iluminação. E sempre pergunto-me, onde anda a PT. Aqui vai um reparo também para a TRAC. Não sei se tem competência para tal, mas como concessionária da via, com certeza tem quota-parte no estabelecimento de condições de segurança para os utentes da mesma.

Em segundo lugar, a PT está sempre tão zelosa e preocupada a emboscar os condutores que, no seu entender, atravessam inadvertidamente os cruzamentos com o semáforo vermelho. Se, de facto, a preocupação é não cruzar o vermelho, pois até pode provocar acidentes, por que motivo a Polícia não se posiciona à entrada do cruzamento e mandam parar o tráfego na altura de mudança de sinal?

Não, isso também não dá rendimento, dá mais lucro em ficarem 3 ou 4 agentes na saída do cruzamento a interpelarem os condutores que eles consideram ter cruzado com o sinal vermelho. Os condutores ficam desprotegidos e sujeitos à decisão e ao livre arbítrio do agente. O agente decide se o condutor passou no vermelho ou não, se estava já na zona protegida pelo sinal ou não.

Chegam ao ridículo de ter, num único cruzamento, mais de 9 agentes, quando bastariam 2. Excesso de pessoal?

A minha outra preocupação tem a ver com o facto de, há pouco tempo, fui vítima do que considero roubo ou extorsão pela empresa Aeroportos de Moçambique. No parque de estacionamento da zona de cargas foi instituído um pagamento por utilização. Isto é até aqui aceitável, pois estas instalações têm um custo associado à sua criação e os utentes devem pagar por isso.

A mesma situação deixa de ser aceitável quando não é respeitado um período mínimo, durante o qual a simples passagem pelo parque não deveria ser cobrada. Qualquer viatura que entre no portão tem, obrigatoriamente, de pagar 20 meticais. Ou seja, simplesmente para deixar e/ou levar alguém, sem de facto estacionar no parque. O mesmo valor é pago se o condutor permanecer 1, 3 ou mais horas. Aliás, o próprio nome indica: “Parque de Estacionamento”.

Por que razão os gestores deste parque não copiam o sistema que usa a gare de passageiros? De notar que no exterior do parque o estacionamento não é permitido o estacionamento, pois a via tem em ambos os lados, uma faixa amarela traçada no pavimento. Entendo que seja uma empresa com graves problemas financeiros, mas procurar resolvê-los assim, não.

Por Sérgio Assubuji

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