O presidente Tayyip Erdogan fechou o cerco na Turquia neste sábado, ordenando o encerramento de milhares de escolas privadas, organizações de caridade e outras instituições no seu primeiro decreto desde que impôs estado de emergência depois do fracassado golpe militar.
Autoridades turcas também detiveram um sobrinho de Fethullah Gulen, o clérigo muçulmano baseado nos Estados Unidos da América acusado por Ancara de orquestrar a tentativa de golpe em 15 de Julho, noticiou a agência de notícias estatal Anadolu.
Uma restruturação do exército, outrora intocável na Turquia, também ficou mais próxima, com o adiantamento de uma reunião entre Erdogan e a já enfraquecida cúpula militar.
Autoridades turcas suspeitam que as escolas e as outras instituições tenham ligação com Gulen, que tem muitos seguidores na Turquia.
Gulen nega qualquer envolvimento na tentativa de golpe, na qual pelo menos 246 pessoas foram mortas.
O seu sobrinho, Muhammad Sait Gulen, foi detido na cidade de Erzurum, no nordeste do país, e será trazido à capital Ancara para ser interrogado, noticiou a Anadolu. Ele pode ser acusado de ser membro de uma organização terrorista e outras denúncias, informou a agência.
No decreto, publicado pela agência de notícias estatal Anadolu, Erdogan estendeu para um máximo de 30 dias, por períodos de quatro dias, o tempo que um suspeito pode ser detido. Disse que era para facilitar uma investigação completa da tentativa de golpe.
Erdogan disse à Reuters, em entrevista na quinta-feira, que reestruturaria as forças armadas e traria “sangue novo”.
O Supremo Conselho Militar (YAS) da Turquia será reunido, sob a supervisão de Erdogan, em 28 de julho, alguns dias antes do agendado originalmente, segundo a emissora privada de televisão NTV, um sinal de que o presidente quer agir rápido para garantir que as forças armadas fiquem totalmente sob o controle do governo.
Reforçando essa mensagem, a reunião do Conselho – que geralmente acontece todo mês de Agosto – será realizada, desta vez, no palácio presidencial, não no quartel-general dos militares, como costuma acontecer.