A bancada parlamentar da Frelimo desta legislatura, que aprovaram a inclusão das dívidas ilegalmente avalizadas pelo Governo de Armando Guebuza, tem uma grande oportunidade de entrar para a história como um bom exemplo de incompetência e falta de bom senso. Só há uma possibilidade para que isso não aconteça: desde que ela não aprecie positivamente a Conta Geral do Estado (CGE) referente ao Exercício Económico de 2014.
O alerta já foi feito, e dias piores estão por vir. Porém, no seu estilo sacerdotal que faz lembrar os meros funcionários públicos preparados para subscreverem todas as decisões insensatas do Governo de turno, os deputados da Frelimo vão fechar os olhos perante a maior burla da história do país, num acto de promiscuidade e traição ao sofrido povo moçambicano. Na verdade, em silêncio, para legalizar esta roubalheira de proporções pornográficas, foi incorporado 350 milhões de dólares norte-americanos no Exercício Económico de 2014, como despesa de investimento militar e os seus deputados, pseudo servidores do povo, aprovaram sem se importarem com a violação da Lei Orçamental de 2013, constatada pelo Tribunal Administrativo (TA).
Sem nenhuma réstia de sentimentos relativamente à incerteza do futuro de milhões de moçambicanos, este bando de deputados prossegue em lume brando, marimbando-se da terrível situação que se assistirá nos proximos dias no que diz respeito a carestia de vida. Até porque eles têm os problemas básicos resolvidos à custa do suor – e até sangue – de milhares de cidadãos. Aliás, não há nada para cortar do lado dos deputados, só do lado povo, que se virá obrigado a apertar os cintos, ao ponto de perder a sua dignidade.
Importa referir que, diante desse cenário, Nyusi e a sua turma não falam em cortes nas suas regalias que, com alguma frequência, os permitem fazer travessuras nos hipermercados da vizinha África de Súl. Infelizmente, o povo que ingenuamente confiou aos deputados da Frelimo a resolução dos seus problemas e o destino da nação, e forçado a viver a pão e água, devido a uma corja de indivíduos que estão preocupados em ampliar os seus impérios económicos pessoais.
Hoje parece que ninguém tem dúvida que os deputados da Frelimo continuam a apostar no atraso do povo e do país. Desde a independência, Moçambique nunca teve um índice de qualidade de vida razoável, nem uma economia próspera e controlada e tampouco conseguiu ser auto-sustentáveis na produção de alimentos. O nosso país importa anualmente quase um milhão de toneladas de cereais, o que o torna vulnerável a choques externos, uma vez que a produção nacional permanece incapaz de satisfazer as necessidades de consumo interno. O país tem défices notáveis em produtos que poderia produzir para o consumo interno e até ter excedente para exportar. Continuamos, portanto, a depender da ajuda externa. Tudo isso deve-se à falta de sensibilidade dos deputados e do Governo da Frelimo.