Uma pessoa morreu e outras quatro ficaram feridas, na terça-feira (03), em virtude terem sido atingidas por balas, supostamente perdidas, disparadas por agentes da Polícia, quando um grupo de populares tentava invadir o Comando Distrital da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Changara, província de Tete, para resgatar um cidadão acusado de assassinato de uma menor e extracção de órgãos.
Trata-se do segundo episódio, com contornos de tráfico de órgãos humanos, em menos de uma semana, no mesmo distrito. Na passada sexta-feira (29), na fronteira de Cuchamando, que faz fronteira com o Zimbabwe, uma fúria popular resultou na destruição, por fogo posto, de uma residência e uma viatura de um suposto comprador de uma criança que foi encontrada sem vida e com os seus membros extraídos, supostamente para os efeitos supersticiosos.
Já na terça-feira, na vila de Luenha, sede distrital de Changara, uma multidão voltou a recorrer ao fogo para destruir duas casas e uma viatura de um cidadão de nacionalidade zimbabweana, acusado também de raptar uma crianças para extrair os seus órgãos.
A Polícia esteve no local mas não conseguiu amainar os ânimos, tendo encaminhado o indiciado para as celas. Na circunstância, a população quis resgatar o acusado das mãos das autoridades para fazer a justiça pelas próprias mãos. A PRM usou da força, tendo disparado balas reais, facto que terminou em tragédia. Algumas vítimas foram atendidas no Hospital Provincial de Tete.
Refira-se que em relação ao caso da semana finda, envolvendo um moçambicano de nome Jordão Bacalhani David, de 40 anos de idade, consta igualmente a mãe da criança morta. A jovem, de 27 anos de idade, de nacionalidade zimbabweana e residente em Cuchamano, responde pelo nome de Chamisso Mabanda. Ela confessou ter vendido o menor a 50 mil meticais, os quais ainda não tinha recebido.
Contactada pelo @Verdade, a PRM em Tete confirmou o sucedido mas disse ser prematuro avançar detalhes sobre a morte de uma pessoa e ferimento de outras quatro, na sequência de escaramuças.
De há tempos a esta parte, tem sido frequente o relato de casos de raptos e assassinatos de crianças, particularmente albinas, na província de Tete.