O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) insta o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o seu partido a prestarem esclarecimentos aos moçambicanos em torno das dívidas escondidas, que ascendem a mil milhões de dólares norte-americanos, e que colocaram o país na eminência de perder a ajuda internacional.
O partido liderado por Daviz Simango critica ainda o facto de a Frelimo ter-se referido ao assunto de forma superficial durante a sua sessão ordinária na Matola. “Em democracia os assuntos de Estado discutem-se nos órgãos de soberania e não nas salas das escolas de qualquer partido”.
“Perante esta crise sem precedentes não basta ser o Ministro da Economia e Finanças ou o Primeiro-Ministro a explicar. A responsabilidade é do Chefe de Governo e em cumprimento da Constituição e do contrato social. Os moçambicanos esperam que o Chefe do Estado faça a sua comunicação à nação e diga a verdade”.
Apesar de os projectos submetidos sob sua iniciativa serem chumbados pela Frelimo, o MDM promete solicitar um debate extraordinário na AR e com o Chefe do Governo.
Relativamente ao facto de Armando Guebuza ter endividado o país à revelia dos moçambicanos, o MDM entende que tal situação não passa de um “desrespeito e indiferença para com a Assembleia da República”.
Num outro desenvolvimento, o segundo maior partido da oposição no país considera que a Casa do Povo está manietada pelo regime e não é um lugar para se discutir ideias com a oposição.
“O comportamento da Frelimo na Assembleia da República não deixa dúvidas de que o partido na verdade quer manter um regime monopartidário. Mal tolera e finge que se senta na Assembleia para discutir com a Oposição. Os deputados da Frelimo mais do que nunca passaram a ser meros fantoches. Não querem discutir o endividamento do Estado moçambicano na Assembleia, instituição que a Constituição da estipula que o Governo deve pedir autorização para esse mesmo endividamento”.
De acordo com a formação política liderada por Daviz Simango, nos últimos dias o Executivo e o partido Frelimo demonstraram total desrespeito pelas instituições do Estado e pelos outros partidos.
Sobre este mesmo assunto, o ex-ministro das Finanças moçambicano, Tomaz Salomão, entende que se pode falar da dívida e qualifica-la, mas os técnicos ajudem a dizer se ela “é resultante dos esforços que o país faz de proteger a sua costa, nós compramos camiões militares, helicópteros e barcos para protecção da costa. Os Estados são soberanos para tomar este tipo de decisões e de se protegerem, não há nada de anormal, nem há nada de extraordinário”.