Jorge Ferrão, ministro moçambicano da Educação e Desenvolvimento Humano, mostrou-se, semana finda, agastado com o insucesso no combate à gravidez indesejada e precoce nos estabelecimentos de ensino, e considerou que, para além de notar uma fraca preocupação por parte da sociedade, tal situação sugere que, pese embora os apelos para que se previna este mal, continuam a faltar formas eficazes para que o mesmo não ocorra.
“Não estamos a conseguir encontrar mecanismos para que não ocorram gravidezes indesejadas e prematuras”, disse o governante, salientando que, no ano passado, não sentiu que tivesse havido a preocupação de “ajudarmos as escolas a resolver estes problemas”.
Falando numa cerimónia de homenagem às mulheres afectas ao seu Pelouro, por ocasião do 07 de Abril, Dia da Mulher Moçambicana, Jorge Ferrão recordou que as alunas que engravidam precocemente, “não só ficam fora do sistema de educação, como também à margem de todo processo de vida que deveriam ter”.
Ademais, essas raparigas serão “mães com poucas condições, com poucos conhecimentos e assim vão reproduzir a pobreza que tanto lutamos para erradicar”.
Segundo o ministro, mais de 2.500 raparigas, do ensino primário e secundário, abandonaram o banco da escola, em 2015, em consequência de terem sido engravidadas. Estes números, para alguns podem não reflectir nada ou pouca coisa, “significam que nós [Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano] , os adultos, não estamos a conseguir encontrar mecanismos para que não ocorram gravidezes indesejadas e prematuras”.
“Devemos agir e ter a coragem de tomar medidas que são as melhores, na nossa perspectiva, para ajudar a resolver o problema”, disse Ferrão, para logo depois defender que “t”emos de atacar a questão de homens que engravidam meninas de 13, 14 e 15 anos nas nossas escolas. Independentemente de como é que a sociedade nos vai julgar e de perdermos professores, temos de pôr um ponto final nisto. Quem engravida as nossas meninas não vai ficar nas nossas escolas”.
Em Junho do ano passado, Ferrão alertou que a desistência das meninas da escola acentua-se a partir dos 12 anos de idade e das 2.794 miúdas grávidas, que até aquela data tinham sido registadas, 661 encontravam-se na província da Zambézia, onde 539 frequentavam o ensino primário, 611 em Cabo Delgado, 570 em Nampula e 40 em Gaza. E esta prática reiterada é uma das maiores ameaças às miúdas e bloqueia sonhos de milhares delas.