A epidemia do ébola na África Ocidental conseguiu ficar sob controle em 2015, embora continuem a aparecer casos residuais em alguns dos países afectados, que esperam superar a situação definitivamente em 2016. A disseminação da doença foi a mais grave desde que o ébola foi descoberto, há mais de 40 anos, com 28.601 casos contabilizados, dos quais um terço (11.299) morreram.
O número de vítimas diminuiu de forma contínua nos últimos meses e em Novembro foram registados apenas três casos, todos na Libéria, que havia sido considerada livre da doença no início de Setembro.
Para os especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) está claro que a cadeia inicial de transmissão do vírus está enfraquecida e que esses casos estão relacionados com pessoas que superaram a doença, mas que mantêm no organismo resíduos do vírus e podem transmití-lo.
Os estudos realizados durante a epidemia demonstraram que o sêmen de homens convalescentes do ébola pode conter a carga viral por até nove meses e acredita-se que as recentes infecções na Libéria estão vinculadas a isso. “Há evidências de que haverá casos de vírus (proveniente) de população convalescente que teremos que acompanhar”, explicou recentemente o director-executivo da OMS para emergências de saúde, Bruce Aylward.
A expectativa é que a presença residual do vírus do ébola no sémen dos homens que contraíram a doença desapareça no decorrer dos próximos seis a 12 meses.
O panorama para a OMS é mais optimista porque durante os dois anos que durou a epidemia os países mais afectados receberam infraestruturas e capacidades necessárias para prevenir, detectar e responder a qualquer aumetno sério da doença.
“Avançamos muito com relação ao pico da epidemia e estes novos casos serão cada vez mais raros. Esperamos que tudo acabe em 2016”, ressaltou Aylward.
Guiné Conacri, Libéria e Serra Leoa contam agora, cada um, com três equipes de especialistas prontos entrar em pleno funcionamento em 48 horas e com capacidades para responder a um ressurgimento de casos, como ocorreu recentemente na Libéria.
“O que aconteceu na Libéria demonstra a rápida capacidade de resposta e o quão diferente é a situação hoje a respeito de 18 meses atrás”, enfatizou Aylward.
A Serra Leoa foi declarada livre do ébola em 7 de Novembro e agora se encontra dentro do período de 90 dias de vigilância sanitária reforçada, que terminará no dia 5 de Fevereiro caso que não se registre nenhum caso novo até então.
Na Guiné transcorre o período de 42 dias sem casos e o último doente, após sua recuperação, deu negativo pela segunda vez em um exame de diagnóstico. Cumpridas estas condições, o país poderá ser declarado livre do ébola.
“Somos moderadamente optimistas e achamos que chegamos no final de qualquer transmissão associada ao surto original de ebola”, comentou Aylward.
Para isso, os países contam com novos instrumentos, como exames de diagnóstico rápido que estão sendo avaliados em cada um deles e equipamentos de laboratório cuja utilização está sendo ensinada a profissionais locais. Desta maneira será possível realizar os exames finais de confirmação, com uma tecnologia de ponta que não existia há um ano.
Outra das ferramentas mais importantes que se tem agora é a vacina que superou as primeiras fases de testes clínicos e pode ser oferecida a pessoas em risco de contrair o vírus. Esse produto ainda não conta com as autorizações necessárias e só deve ser utilizado em testes ou casos particulares.
Aylward declarou que a OMS trabalha com produtores e entidades reguladoras para conseguir (que a vacina tenha) “seu acesso estendido e que possa ser utilizada como parte da resposta” perante eventuais surtos. Para continuar com o plano de resposta ao ebola nos três países afetados e garantir seu fim, serão necessários US$ 244 milhões entre novembro e março de 2016, dos quais só US$ 121 milhões foram arrecadados. Os mais recentes casos na Libéria “demonstram que necessitamos desses recursos”, informou o enviado especial da ONU para o ebola, David Nabarro.