O maior partido da oposição, a Renamo, considera que a erradicação da pobreza em Moçambique, problema que coloca o país na listadas nações mais miseráveis do mundo, sobretudo o pior lugar para se envelhecer, depende do afastamento da Frelimo do poder, porque “não tem mais nada a oferecer em termos de respostas aos problemas do povo”, que vão desde a falta de água e de energia eléctrica com qualidade; passar pela crise de transporte, o que torna as deslocações um bico-de-obra; até desembocar na precariedade da vida.
A “Pérola do Indico” é a mais pobre da África Austral e está em 180º lugar numa lista de 188 países, segundo o índice do desenvolvimento humano apresentado esta semana pelo Programa Nacional da Nações Unidas, que, também, pese embora esta situação negativa, documenta que o índice de vida dos moçambicanos aumentou entre 2014 e 2015, de 54,8 para 55.1.
“Para acabar com a pobreza, o povo deve acabar com a Frelimo, removendo-a do poder. (…) A Frelimo, partido amaldiçoado por empobrecer o povo, mente que está há 50 anos a combater a pobreza”, mas esta só aumenta e eles enriquecem”, disse Ivone Soares, chefe da bancada parlamentar da Renamo, discursando na Assembleia da República (AR), durante o encerramento da segunda sessão ordinária da oitava legislatura.
A “Perdiz” esteve presente nas cincos eleições gerais realizadas na história do país e perdeu em todas elas, alegadamente porque o seu adversário, que dirige os destinos de todos há quatro décadas, rouba votos. Um dos cenários gritantes, na opinião do partido liderado por Afonso Dhlakama, ocorreu no escrutínio de 2014, quando, sem os editais de apuramento, Hermenegildo Gamito, presidente do Conselho Constitucional (CC), proclamou o Presidente Filipe Nyusi e a sua facção política como vencedores.
Todavia, a Renamo, que de em eleição em eleição move céus e terra para ver reposta a legalidade no que tange à pretensa fraude, afirmou que “nunca assaltamos o poder à força” porque “o nosso objectivo é acabar com a Frelimo por meios democráticos”. Com estas, Ivone Soares parece ter atingido a chefe da bancada Parlamentar dos “camaradas”, Margarida Talapa, tendo respondido, no seu discurso, que “a oposição, como sempre, nunca esteve nem está interessada no bem-estar dos moçambicanos”.
Refira-se que o partido no poder administra o país desde 1975. Apesar de um certa corrente de actores políticos e da sociedade civil defender que “é preciso haver alternância do poder em Moçambique”, desde as primeiras eleições não se conhece um presidente de um outro partido que não seja da Frelimo.
Lutero Simango, chefe da bancada parlamentar do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), disse que o país “precisa de políticas inclusivas, abrangentes e actuantes para dinamizar a participação de todos no desenvolvimento nacional, sem qualquer discriminação”.