Bangladesh completa nesta sexta-feira 17 dias com redes sociais como Facebook, Whatsapp e Viber bloqueadas, após a decisão do governo de fechar os acessos por motivos de segurança, e sem uma data para reabrir os serviços.
“A proibição sobre redes sociais e outros aplicativos foi imposta alegando preocupações de segurança e não houve comunicação sobre a retirada dela”, disse à Agência Efe Sayed Talat Kamal, chefe de comunicações externas do Grameenphone, o principal operador do país, com mais de 15 milhões de assinantes de banda larga, a metade do total de Bangladesh. “O que escutamos de diferentes ministros é que o bloqueio será suspenso quando o (ministério do) Interior der sinal verde”, acrescentou.
As autoridades de Bangladesh impuseram o blecaute nessas redes sociais, que não afecta outras, como Twitter, a 18 de Novembro, pouco depois de a Suprema Corte negar o pedido de apelação de dois condenados à morte por crimes durante a guerra de independência de 1971. Eles foram executados três dias depois, mas o governo ainda não informou quanto durará o bloqueio, e a Autoridade Reguladora de Telecomunicações se recusa fazer comentários.
A vice-ministra de Telecomunicações, Tarana Halim, assegurou esta semana que as autoridades escreveram ao Facebook para tentar chegar a um acordo de modo que seja possível evitar a publicação de “conteúdos censurados” na rede social, segundo o site “Bdnews24”.
Halim criticou, além disso, o uso de servidores ‘proxy’ para acessar os serviços bloqueados, e tachou a manobra de “ilegal”.
A censura dessas plataformas está a causar perdas de negócio para os provedores de internet e comerciantes locais, mesmo que muitos usuários estejam a burlar a proibição mediante servidores ‘proxy’, num país com baixa penetração digital, mas que tem visto um forte crescimento nos últimos anos.
Apesar da proibição, o jornal “Daily Star” publicou que várias repartições públicas utilizaram o Facebook neste período, entre eles o ministro do Planeamento, o subsecretário de imprensa da primeira-ministra, a governante Liga Awami e a Federação de Críquete de Bangladesh.
O Facebook têm crescido exponencialmente no país, e já conta, segundo fontes do setor, com cerca de 17 milhões de usuários, um décimo da população de Bangladesh.
O bloqueio de plataformas digitais não é uma novidade no país, que já aplicou vetos temporários em outras ocasiões, geralmente com a alegação de motivos de segurança.
Imerso numa crise política que já é habitual, o país enfrentou este ano um auge sem precedentes do extremismo islâmico, com atentados contra blogueiros ateus, estrangeiros e representantes de várias minorias religiosas.