É com muita ansiedade que escrevo sobre os ex-trabalhadores das minas da extinta companhia East Rand Proprietary Mines (ERPM) da República da África do Sul, dos quais fazem viúvas, residentes nos bairros e localidades de Marien Ngouaby, Patrice Lumumba, Chicumbane, 3 de Fevereiro, Chongoene, dentre outros pontos desta província moçambicana.
Trabalhámos durante anos na companhia em referência, até que um dia ela resolveu fechar as portas numa situação pouco esclarecida e sem gozarmos do direito à indemnização. Preocupados, colocámos esta situação ao Governo, que em colaboração com a antiga ministra do Trabalho, Maria Helena Taipo, hoje indicada para o cargo de governadora da província de Sofala, seguiu os devidos trâmites junto da sua contraparte sul-africano.
Em 2013, a Direcção Provincial do Trabalho em Gaza pediu para que nos reuníssemos e submetêssemos àquelas instituições toda a documentação necessária para efeitos de tramitação e posterior atribuição dos valores a que temos direitos. Assim o fizemos, mas o assunto ainda não está ultrapassado na medida em que há gente sem as suas compensações.
No início do ano de 2014, a África do Sul emitiu listas com nomes de alguns beneficiários e os respectivos cheques, um processo que teve a orientação da Direcção Provincial do Trabalho em Gaza.
Relativamente às pessoas que ainda alimentavam esperanças sobre esta questão, o que se observa desde aquele ano tem sido apenas um silêncio por parte da instituição a que nos referimos, facto que nos levou recorrer, novamente, à mesma para que se explicasse em relação a esta demora. A resposta dada foi que os cheques tinham sido devolvidos porque vinham a título de um estabelecimento bancário que não opera em Moçambique e, por via disso, tínhamos de aguardar.
Estando já no fim do ano de 2015, resolvemos pedir auxílio para a resolução deste problema que se transformou numa longa espera sem resposta, que tem perpetuado a miséria dos beneficiários e mutilado sonhos dos nossos filhos que dependem destes valores para estudarem.
Estamos a ser burlados por aqueles que têm poder e usam o nosso dinheiro para fins particulares. Agradecemos, atempadamente, o seguimento do caso.
Por Rasman Ubisse