Angoche, uma cidade e município de Nampula, celebra a 26 de Setembro corrente, o seu 45º aniversário desde que foi elevado à categoria de urbe. A par de outros municípios, tais como os centenários Maputo e Beira, aquele ponto do país enfrenta a falta de água potável, os altos índices de desemprego, a existência de lixo e a falta de vias de acesso, problemas que se devem à fraca colecta de receitas para o desenvolvimento local, segundo o edil Américo Assane Adamugy.
A melhoria das condições de vida dos munícipes é o principal desafio que se impõe àquela cidade localizada na região sul da província de Nampula. Américo Adamugy reconhece a existência de vários problemas que apoquentam a população mas que localmente não encontram qualquer solução, devido à falta de dinheiro. Actualmente, colecta-se apenas três milhões de meticais para os cofres do município porque o número de operadores comerciais é reduzido. Por conseguinte, o progresso regista-se a passo de camelão.
Por um lado, o nosso entrevistado considera que o lixo ainda é mal recolhido supostamente porque, em parte, certas famílias não cumprem o horário estabelecido para a sua deposição nos lugares apropriados. Consequentemente, Angoche é uma das cidades menos limpas da região do norte de Moçambique.
A edilidade funciona só com um tractor e um camião, actualmente inoperacionais. “Não temos equipamentos suficientes na área de saneamento; porém, estamos a pensar em adquirir tambores vazios para colocá-los em diferentes pontos de maior concentração de lixo, mas continuamos preocupados porque alguns munícipes não nos ajudam neste processo, sobretudo no que diz respeito ao cumprimento dos horários”, frisou Américo Adamugy.
Por outro lado, o nosso entrevistado disse que, pese embora as limitações financeiras enfrentadas, a prioridade é a expansão do comércio e das vias de acesso. Para o efeito, o conselho municipal está a investir cerca de cinco milhões e setecentos mil meticais na construção de seis mercados nos bairros Boleia, Pule, Km-13 e Namaripe.
Paralelamente a esse trabalho, decorre a pavimentação de ruas no centro da cidade. O projecto contempla ainda a reabilitação das ruas do Paparato e das Embarcações, com 500 e 480 metros, respectivamente.
No diz respeito ao desemprego, o encerramento de grande parte das unidades fabris ligadas ao processamento do pescado, da castanha de caju e ao descasque de arroz é apontado como sendo a principal causa do aumento do desemprego naquela autarquia.
Por exemplo, Andrade Chaúr Abacar, que lutou pela defesa da soberania e democracia, vive no bairro da Horta, em Angoche, uma cidade que o viu nascer em 1966. Desde que passou à disponibilidade militar, à luz do Acordo Geral de Paz (AGP), assinado em 04 de Outubro de 1994, ele nunca teve o privilégio de conseguir um posto fixo de trabalho, porque a cidade não oferece condições para o efeito. A disputa por uma vaga de emprego é renhida.
À semelhança de Chaúr, muitos residentes da Angoche clamam por uma ocupação formal e digna, sendo a pesca artesanal e a agricultura de subsistência as únicas fontes de rendimento familiar.
A falta de água potável, com uma cobertura de cerca de 30 porcento, é uma outra questão que tira sono às autoridades de Angoche. Segundo o presidente daquele município, a situação é mais dramática nos bairros de Nantacala, Quiquige, Malacassa, que se situam ao longo da costa e onde a água não é salubre.
A cidade costeira de Angoche conta com 37 bairros, distribuídas em cinco localidades municipais e tem uma extensão territorial de 182 quilómetros quadrados. Mulheres e crianças acordam todos os dias de madrugada para acarretarem pelo menos uma lata de água nos fontanários e, na maioria das vezes, em poços cuja conservação é precária.
Aliás, a pesca em Angoche, uma actividade que pelo seu potencial, sobretudo o camarão, podia impulsionar o desenvolvimento local, enfrenta uma série de condições adversas de circulação na estrada Nampula/Angoche. Este troço ficou mais degrado com as últimas chuvas no país. Os utentes daquela via chegavam aos seus destinos deveras fatigados e com os nervos à flor da pele, pois despediam muito dinheiro para chegarem aos seus destinos. As viaturas nas quais se faziam transportar registavam problemas mecânicos de vária ordem. Há viagens cujo preço eram de 150 meticais mas que chegaram a custar 600 meticais.
Para além disso, o distrito em questão detém uma das melhores e maiores praias paradisíacas de Moçambique para o desenvolvimento turístico, com cerca de 40 quilómetros de extensão, que podia também propiciar a prática do desporto náutico, tal como é a Praia Nova. Entretanto, o potencial ainda não é devidamente explorado.