A era de viagens por uma Europa sem fronteiras, que já durava duas décadas, sofreu um duro golpe nesta segunda-feira, quando países do continente impuseram controles nas suas divisas em reacção ao influxo inédito de imigrantes.
A decisão surpreendente da Alemanha de reinstaurar os controles fronteiriços no domingo teve um efeito dominó rápido, forçando vizinhos a fechar suas próprias fronteiras enquanto milhares de refugiados seguiam para o norte e o oeste da Europa. A Áustria accionou os militares para proteger a sua divisa com a Hungria depois que milhares de imigrantes a cruzaram a pé de domingo para segunda-feira, lotando acomodações temporárias em barracas e estacionamentos de estações de comboio.
“Se a Alemanha realiza um controle na sua fronteira, a Áustria precisa adoptar um controle fronteiriço reforçado”, disse o vice-chanceler austríaco, Reinhold Mitterlehner, em conferência de imprensa com o chanceler Werner Faymann. “Estamos a fazer isso agora”.
Ele e Faymann disseram que o Exército será mobilizado em um papel secundário. “O foco do apoio é a ajuda humanitária”, afirmou Faymann. “Mas é também, e eu gostaria de enfatizar isso, no apoio ao controle da fronteira onde for necessário”.
A Eslováquia também declarou que irá fechar as suas divisas com a Áustria e a Hungria. As medidas são a maior ameaça ao Tratado de Schengen, que a partir de 1995 eliminou postos de fronteira em toda a Europa e, juntamente com a adopção do euro como moeda comum, é uma das conquistas mais transformadoras da integração continental.
Os 26 países europeus na área coberto pela tratado emitem vistos em comum e não vigiam as fronteiras entre si. Divisas que foram disputadas durante séculos e que estrangulavam o tráfego e o comércio até poucos anos atrás hoje exibem pouco mais do que placas indicativas nas rodovias do maior bloco económico do mundo. Mas as regras ainda proíbem que imigrantes sem documentos viajem dentro dessa zona, embora ofereçam poucos mecanismos para detê-los.
Isso criou um caos com a chegada recente de milhares de pessoas, entre elas refugiados de conflitos no Oriente Médio, às extremidades sul e leste do bloco, que rumam para nações mais ricas e acolhedoras no norte e no leste em busca de asilo.