A produção e o consumo de heroína, cocaína e maconha tendem a uma redução no mundo, enquanto que o ecstasy e as drogas sintéticas proliferam nos países em desenvolvimento, assinala um relatório anual do Agência das Nações Unidas contra a Droga e o Delito (ONUDC) publicado esta quarta-feira.
“Os mercados mundiais de cocaína, opiáceos e maconha estão estabilizados ou em declive, mas teme-se uma alta da produção e da utilização de drogas sintéticas nos países em desenvolvimento”, alerta a ONUDC. Dessa forma, o cultivo de ópio caiu no ano passado ao nível de 2006, graças a um retrocesso de 19% das superfícies cultivadas na Afeganistão, país que produz 93% do ópio do mundo.
Isso traduz-se, por causa do aumento do rendimento, numa baixa de 6% da produção, ou 7,7 milhões de toneladas. Do mesmo modo, a produção mundial de cocaína caiu ao menor nível em cinco anos graças, principalmente, a uma redução de 18% das superfícies cultivadas e de 28% da produção efetiva na Colômbia, produtor da metade da cocaína em circulação no mundo.
“Os níveis de pureza e de apreensão diminuem nos principais países consumidores (América do Norte e a Europa), os preços aumentam”, destacou o diretor executivo da ONUDC, Antonio María Costa, acrescentando que os cartéis da droga enfrentam um mercado que se reduz na América Central.
O consumo de cocaína, cujo mercado mundial está avaliado em 70 bilhões de dólares, tende a diminuir na América do Norte e se estabilizou pela primeira vez na Europa Ocidental. No que diz respeito à maconha, o entorpecente mais consumido no mundo, a produção e o consumo de estabilizaram, mas cresce a concentração de THC, sua substância ativa.
O mais preocupante, assinala o informe, é que a produção de drogas sintéticas entrou num nível industrial na região do Mekong, sudeste asiático, de cujos laboratórios saem grandes quantidades de metanfetaminas, cristal meth e outras substâncias como a quetamina. A agência calcula em 41% o volume de cocaína apreendida no mundo para 19% de opiáceos.
Na liderança estão o Irão, importante país de trânsito com 84% das apreensões mundiais de ópio e 28% da heroína em 2007, segundo as mais recentes cifars da ONUDC. Reconhecendo que a intensificação da repressão do mercado da droga “gerou um mercado ilícito de amplitude macroeconômica que recorre à violência e alimenta a corrupção”, Antonio María Costa adverte contra qualquer legalização destas substâncias, por considerar que isto seria “um erro histórico”.
“As drogas representam um perigo para a saúde. Por esse motivo, estão e devem continuar sendo proibidas”, enfatizou, acrescentando que é preciso lutar em primeiro lugar contra os traficantes e não contra os consumidores. “As pessoas que consomem droga precisam de uma ajuda médica e não um tratamento penal”, declarou Costa, acrescentando que a prisão dos dependentes representa, para a polícia, um desperdício de dinheiro em detrimento da luta contra os traficantes.