Depois do assassinato de um cidadão identificado pelo nome de Tchitcho, de 22 anos de idade, por um agente da Polícia de Investigação Criminal (PIC), no sábado (11), no bairro de Namicopo, cidade de Nampula, a Polícia voltou a fazer mais uma vítima na madrugada de segunda-feira (13), no bairro de Marrere. Em menos de 48 horas, a vítima foi um cidadão cujo nome e idade não apurámos, que supostamente pertencia a uma quadrilha de ladrões surpreendida a assaltar uma casa e a molestar a proprietária da mesma naquela zona.
Este é mais um acto que dá indícios de que a Polícia da República de Moçambicana (PRM) tem licença para matar (segundo a Amnistia Internacional) e a responsabilização é fraca, pois um dos dois agentes da Polícia de Investigação Criminal (PIC), à paisana, que disparou premeditadamente contra a cabeça de Tchitcho, na manhã daquele sábado, continua em liberdade.
Em relação ao caso de segunda-feira, a corporação policial, alega, como sempre, que sete indivíduos invadiram num domicílio localizada no bairro de Marrere, numa altura em que o chefe da família estava ausente, e, com recurso a instrumentos contundentes, imobilizaram o guarda com a finalidade de roubar. Os meliantes exigiam à dona da casa dinheiro e outros bens valiosos, tentaram abusar dela sexualmente e ameaçaram-na de morte caso não satisfizesse as suas exigências.
Por um golpe de sorte – pelo menos é o que indica a história contada a pela Polícia – esta apercebeu-se da situação quando efectuava mais uma habitual patrulha, aproximou-se da habitação e houve troca de tiros com os supostos bandidos. Um dos integrantes foi baleado mortalmente, três foram neutralizados e igual número três está a monte, um dos quais com ferimentos graves por ter sido atingido nas costas com um projéctil.
À semelhança Tchitcho, que fora a enterrar no domingo (12) sem a sua família ver o caso esclarecido, a Polícia diz que o indivíduo ora abatido e a gangue de que fazia parte eram assaltantes considerados perigosos e há bastante tempo procurados porque protagonizam assaltos a residências em diversos bairros daquela cidade nortenha.
Sérgio Mourinho, chefe de Relação Públicas no Comando provincial da PRM em Nampula, não se pronunciou sobre as responsabilidades dos seus colegas em relação ao cidadão morto e à sua família. Ele ignorou literalmente o caso e apressou-se a dizer que se está a trabalhar no sentido de neutralizar o grupo que está em parte incerta e foi montado um esquema nas unidades sanitárias com vista a receber informações sobre um dos indivíduos feridos no tiroteio na eventualidade de o mesmo pretender ser socorrido.
Refira-se que o assassinato de suspeitos criminosos tem sido um acto recorrente da corporação moçambicana. No seio da opinião pública, algumas correntes apontam para um alegado excesso de zelo por parte da Polícia e há exagero porque ao invés de disparar para afugentar, atira para matar. Anualmente, vários cidadãos, nalgumas vezes inocentes, são mortos por quem devia lhes proteger mas nada acontece em termos de responsabilização.