O partido francês de extrema direita Frente Nacional obteve apenas ganhos limitados neste domingo nas eleições locais na França, vencidas pelos conservadores liderados pelo ex-presidente Nicolas Sarkozy.
A FN, contrária à imigração e contrária ao euro, deve conquistar até 108 assentos nos conselhos locais, contra apenas um assento que detém actualmente. O resultado, no entanto, não será suficiente para dar ao partido o controle de sequer um conselho dos 102 “departamentos”, segundo pesquisas boca de urna. O partido UMP, de Sarkozy, e seus aliados devem ficar com entre 66 e 70 departamentos, acima dos 41 atuais, enquanto os socialistas, que estão no governo, devem perder metade dos 61 departamentos que tinham antes da eleição, apontou a pesquisa boca de urna da CSA para a BFMTV. Outras pesquisas mostraram resultados parecidos.
A conquista de dois terços dos departamentos será um impulso para Sarkozy, cuja volta ao comando do UMP há quatro meses é contestada por outras lideranças veteranas do partido. “Os franceses rejeitaram de forma maciça as políticas do (presidente francês) François Hollande e seu governo”, disse Sarkozy a simpatizantes de seu partido. “A hora da mudança é agora.”
A líder da FN, Marine Le Pen, tenta a estratégia de ampliar a sua base local para estar melhor posicionada para as eleições nacionais, mas tem sofrido para transformar uma crescente popularidade em vitórias eleitorais. As primeiras pesquisas boca de urna apontaram que a FN ficaria com até dois departamentos, mas o partido reconheceu posteriormente que esse resultado não seria alcançado.
O partido, no entanto, disse que a conquista de tantos assentos vai ajudar a disseminar suas ideias. “No segundo turno nós sabíamos que o sistema eleitoral permitiria que os cúmplices do UMPS dividissem a torta entre si”, disse o pai de Le Pen e fundador da FN, Jean-Marie Le Pen, numa referência ao UMP e ao Partido Socialista (PS).
“Mas é uma vitória para a FN”, acrescentou ele, lembrando que o partido conquistou um em cada quatro votos no primeiro turno da eleição local. Já Marine Le Pen chamou o resultado de “as fundações para a grande vitória de amanhã”.
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, cuja administração profundamente impopular está tentando dar sinais modestos de recuperação da segunda maior economia da zona do euro, reconheceu a derrota e disse que o governo vai introduzir novas medidas para impulsionar o emprego e os investimentos público e privado. “A extrema direita é forte, muito forte. Os resultados são um desafio para todos os democratas”, afirmou ele. “Este é um sinal de uma reviravolta duradoura da paisagem da nossa política e vamos todos precisar tirar lições disso.”
A FN, que liderou as eleições para o Parlamento Europeu na França no ano passado, pretende fazer novos progressos nas eleições regionais marcadas para dezembro. Pesquisas apontam que Le Pen chegaria ao segundo turno das eleições presidenciais de 2017, mas não venceria.