Os advogados da família do ex-Presidente burkinabe, Thomas Sankara, morto num golpe de estado em 1987 que conduziu o antigo Presidente Blaise Compaoré ao poder, anunciaram terça-feira à noite que um juiz de instrução foi designado para gerir este dossiê que manchou a imagem do antigo regime.
Stanislas Bénéwendé Sankara, um dos advogados da família Sankara, declarou no termo duma audiência com o Presidente burkinabe de transição, Michel Kafando, que “o comissário do tribunal militar confirmou-nos sábado que o dossiê foi transferido para o seu nível e que a ordem de abertura de processo judicial foi dada. Tomamos nota do recurso ao juiz de instrução do tribunal militar”.
O comissário explicou que o dossiê do Presidente Thomas Sankara, pai da revolução burkinabe, está “num gabinete de instrução no tribunal militar”. O capitão Thomas Sankara, que chegou ao poder por um golpe de estado em 1993, foi morto quatro anos mais tarde durante um golpe de estado que conduziu Blaise Compaoré ao poder. Desde então, o dossiê não registou progresso favorável durante o regime de Blaise Compaoré, destituído em finais de outubro na sequência de protestos populares depois de 27 anos no poder.
Desde a sua emposse, as novas autoridades, nomeadamente o Presidente Kafando, anunciaram a reabertura de alguns dossiês emblemáticos, designdamente o de Thomas Sankara e do célebre jornalista Norbert Zongo, encontrado morto calcinado em dezembro de 1998 quando inquiria sobre a morte suspeita do motorista de François Compaoré, irmão mais novo do ex-Presidente Blaise Compaoré.
“Viemos felicitar as autoridades por terem respeitado o seu engajamento apesar da pressão da opinião que considerava que havia lentidão”, revelou o advogado da família Sankara, precisando que o Presidente burkinabe “reafirmou o compromisso das autoridades de transição em trabalhar para a manifestação da verdade em todos os outros dossiês”.
O Burkina Faso abriu terça-feira um conselho consultivo sobre o estado da justiça para fazer um diagnóstico “sem complacência” do sistema judicial criticado durante o ex-regime e que deverá desembocar em decisões através dum “Pacto Nacional para a Renovação da Justiça”.