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Votação na Andaluzia aponta para reviravolta política na Espanha

O partido recém-criado Podemos, de esquerda, obteve ganhos importantes nas eleições de domingo na região espanhola da Andaluzia, nas quais a fragmentação do voto no espectro político indica uma provável guinada nas eleições nacionais que serão realizadas antes do final do ano. A votação mostrou que o sentimento contra as medidas de austeridade que levou o Syriza ao poder na Grécia já se enraizou na Espanha, onde um em cada quatro trabalhadores está desempregado, e também dinamitou o sistema bipartidário construído quando a ditadura de Franco terminou, na década de 1970.

Enquanto a Espanha emerge da crise da dívida da zona do euro como uma das economias de mais rápido crescimento da Europa, a campanha dos partidos dominantes, o Partido Popular (PP), e, em menor medida, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), com o objetivo de convencer os eleitores de que alternativas políticas recém-criadas são perigosas para a recuperação do país, pouco fez para limitar o apoio ao Podemos.

“Nós somos os protagonistas da mudança, da criação de novas alternativas… O mapa político na Andaluzia e na Espanha mudou”, disse Teresa Rodriguez, que liderou a campanha do Podemos na Andaluzia.

Apesar de os dois partidos dominantes, os socialistas e o PP, ficarem em primeiro e em segundo lugar na votação, eles tiveram forte queda em suas bancadas em relação à eleição anterior, em 2012. O PSOE conquistou 47 dos 109 assentos no Parlamento regional, enquanto o PP sofreu pesadas perdas, ficando em segundo lugar, com 33.

Com apenas um ano de idade, o Podemos abocanhou 15 cadeiras, enquanto outro novato na cena política da Espanha, o Ciudadanos, de centro-direita, ficou com 9. A Esquerda Unida, ex-comunista, ganhou 5. Os resultados mostram que os socialistas vão precisar do apoio de outros partidos para governar na Andaluzia, uma tarefa complicada porque os rivais podem ficar receosos de lhes dar apoio, já que isso poderia prejudicá-los nas eleições gerais espanholas no final do ano.

Na eleição na Andaluzia, a região mais populosa da Espanha e, em grande parte, agrícola, cerca de 6,5 milhões de eleitores -um quinto do eleitorado nacional votou no Podemos e no Ciudadanos.

O PP e os socialistas, que controlam o poder em nível nacional há décadas, viram seu apoio despencar nas pesquisas de opinião nacionais em consequência de uma profunda crise económica e política. Apesar de a economia se recuperar, o crescimento do país não consegue acabar com o desemprego.

Além disso, a desigualdade aumentou. “A nível nacional, o que podemos considerar a partir disso é que o Podemos e o Ciudadanos estão aqui para ficar”, disse José Pablo Ferrandiz, sociólogo da empresa de pesquisas Metroscopia.

O Podemos, liderado pelo carismático Pablo Iglesias, inesperadamente ganhou cinco cadeiras nas eleições europeias de maio do ano passado, congregando principalmente votos à esquerda do espectro político.

O Ciudadanos adota uma posição mais pró-mercado e é visto por muitos analistas como um potencial fiel na balança no Parlamento nacional após a eleição geral no final do ano. Os dois novatos se beneficiaram do descontentamento da população com os partidos mais antigos, vistos como refratários a mudanças porque buscam proteger os interesses dos poderosos.

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