Um promotor argentino encontrado morto em circunstâncias misteriosas no mês passado tinha elaborado um pedido para que a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, fosse presa por conspirar para sabotar a sua investigação sobre o atentado mortal contra uma associação judaica, disse a investigadora que investiga a morte do promotor de nesta terça-feira.
Os documentos foram encontrados no lixo do apartamento de Alberto Nisman enquanto a sua propriedade era inspecionada em busca de pistas sobre se o promotor cometeu suicídio ou foi assassinado. Ele foi encontrado em uma poça de sangue com um único tiro na cabeça em 18 de Janeiro.
“Os esboços estão no processo”, disse Viviana Fein, a principal investigadora da morte de Nisman, a uma rádio local. O pedido de prisão contra Cristina, que, segundo o jornal pró-oposição Clarín, foi elaborado por Nisman em Junho, não foi incluído na sua última apresentação de 350 páginas ao Judiciário entregue dias antes da sua morte.
Em vez disso, Nisman pediu que Cristina respondesse a perguntas no tribunal.
Na segunda-feira, o gabinete de Fein havia negado a existência do documento que contém o pedido de prisão, e o governo denunciou uma reportagem de um jornal local sobre o assunto como “lixo”. “Eles foram devidamente incorporados aos arquivos do caso, não falta nada”, disse Fein nesta terça-feira.
Nisman passou quase uma década construindo o caso alegando que o Irão estava por trás do ataque de 1994 contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que matou 85 pessoas. O governo do Irão tem repetidamente negado a acusação.
Estava previsto que no dia seguinte à sua morte Nisman responderia a perguntas no Congresso Nacional sobre as suas alegações de que Cristina tentou encobrir o envolvimento do Irão no ataque em troca de petróleo iraniano.
Cristina chamou a alegação de “absurda”.