O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, que neste sábado venceu por ampla maioria a eleição presidencial no Irão é motivo de preocupação no Ocidente com suas ambições nucleares, suas polêmicas declarações e sua política interna populista. Mahmud Ahmadinejad foi reeleito com 62,63% dos votos nas eleições de sexta-feira, anunciou neste sábado o ministro do Interior, Sadegh Mahsuli.
Ahmadinejad obteve 24.527.516 votos, de um total de 39.165.191. Foram invalidados 409.389 votos. Seu principal adversário, o ex-primeiro-ministro conservador moderado Mir Hosein Musavi, ficou com 13.216.411 votos (33,75%). O conservador Mohsen Rezai registrou 1,73%; e o reformador Mehdi Karubi, 0,85%, segundo a mesma fonte. Este último afirmou que os resultados eram “ilegítimos” e “inaceitáveis”. Musavi havia afirmado pouco antes que as eleições foram manchadas por “claras e numerosas irregularidades” que colocavam o Irã frente a um “panorama perigoso”.
A participação foi de 85%, “um recorde”, disse Mahsuli. Ahmadinejad, um ultraconservador que se apresenta como defensor dos pobres e devoto do Islão, provoca indignação nas grandes potências com sua retórica agressiva.
Pouco depois de sua inesperada vitória, em 2005, Ahmadinejad ganhou notoriedade mundial ao afirmar que Israel está condenado a “desaparecer do mapa” e que o Holocausto nazista é um “grande engano”. Ahmadinejad também comparou o programa nuclear iraniano a “um trem sem freios e sem marcha a ré”, negando-se terminantemente a suspendê-lo, apesar das pressões internacionais.
No Irão, é criticado por muitos economistas que condenam sua política de distribuição de petrodólares, que criou uma forte inflação (23,6%) e não reduziu nem o desemprego, nem a pobreza. Aos 52 anos de idade, Ahmadinejad é casado e tem dois filhos e uma filha. Filho de um ferreiro, o presidente iraniano nasceu no povoado de Aradan, 90 km a sudeste de Teerão, onde depois obteve um doutorado em gestão de transportes urbanos.
Na revolução de 1979, que derrubou o Xá do Irão e levou ao poder o aiatolá Khomeini, Ahmadinejad se incorporou aos estudantes islâmicos de Teerão; depois, às fileiras dos Guardiães da Revolução, a polícia ideológica do regime. Mais tarde, conseguiu seu primeiro posto político, ao se tornar governador da província de Ardebil (noroeste).
Em 2003, chegou à prefeitura de Teerão, cargo que utilizou para se lançar como candidato à presidência, em junho de 2005. Em recentes debates televisivos, poliu sua imagem de homem do povo, afirmando que vivia apenas de seu salário de professor.
O seu populismo encontra eco, especialmente nas camadas mais pobres da população urbana e rural. Seus rivais o descrevem como “imprevisível”, enquanto seus seguidores o classificam como “um homem que ajuda os pobres”. “Se há duas pessoas em dificuldades, Ahmadinejad as ajudará antes que elas fiquem piores”, afirma Mehdi Mahmudi, jovem habitante de Islamshahr, um subúrbio de Teerão.
Nestes últimos dias foi muito criticado por seus adversários por ter colocado em dúvida, durante um debate transmitido pela TV, os diplomas de Zahra Rahnavard, mulher de seu principal rival, Mir Hosein Musavi. “Foi um golpe baixo”, considerou Nasim, um jovem eleitor. Rahnavard ameaçou processá-lo.
Ahmadinejad instaurou um novo estilo de governo, ao reunir seu conselho de ministros a cada dois ou três semanas em cidades de província, para “compreender melhor os problemas do povo”. Em quatro anos, recebeu cerca de 20 milhões de cartas com pedidos de ajuda, e criou um serviço para respondê-las uma a uma e garantir o apoio de seu eleitorado. Ahmadinejad é a segunda pessoa mais poderosa do Irão depois do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei.