No mundo árabe e muçulmano, as mulheres são consideradas “como móveis”, segundo o líder líbio Muammar Kadhafi, que defendeu uma revolução feminina durante um encontro em Roma com cerca de mil mulheres italianas.
O líder líbio, que faz sua primeira visita oficial à Itália para colocar um ponto final no difícil passado colonial entre os dois países, abordou o tema da condição feminia “à sua maneira” no Auditório Parque da Música, na capital italiana.
“No mundo árabe e islâmico, a situação da mulher é horrível e induz à revolução”, disse Kadhafi. “A mulher é como um móvel, que pode ser trocado quando necessário e ninguém vai nem perguntar por quê”, afirmou, em um discurso para uma platéia de mulheres representantes da cultura, da política e da economia italianas.
“O mundo precisa de uma revolução feminina baseada em uma revolução cultural”, acrescentou o polêmico líder líbio, que durante sua visita de quatro dias à Itália já criticou os Estados Unidos e condenou o terrorismo. “Eu estou com a mulher em todo o mundo, e acredito que é necessário uma revolução. Não devemos oprimi-la, e sim dar a ela os mesmos direitos do homem”, declarou Kadhafi, que sempre viaja acompanhado de suas inseparáveis amazonas, sua guarda pessoal, toda composta por mulheres.
Kadhafi elogiou as “grandes mulheres da história da Itália”, mencionando Matilde Serao, escritora do final do século XIX e início do XX, que “nos deixou 40 livros, leiam se ainda não o tiverem lido”. O dirigente líbio citou também a célebre atriz Claudia Cardinale.
A ministra italiana para a Igualdade de Oportunidades, Mara Carfagna, pediu ao líder líbio um compromisso a favor da mulher africana, para que seus direitos sejam reconhecidos. “Apresentei um projeto à União Africana para que a família na África seja respeitada e para que o casamento seja baseado em um contrato, que estabeleça o divórcio por consenso e documentado”, explicou Kadhafi, que desde fevereiro ocupa a presidência rotativa da UA.