O Governo dos Estados Unidos da América (EUA) vai investir em Moçambique, nos próximos cinco anos, cerca de um bilião de dólares num programa destinado ao combate ao HIV-SIDA e outras doenças.
Segundo disse recentemente à AIM a directora para Moçambique do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças do Executivo norte-americano, Nilza Nelson, o dinheiro será aplicado em acções de prevenção do HIV-SIDA e tratamento de pessoas infectadas por esta doença. Será igualmente investido na capacitação de instituições envolvidas na luta contra esta pandemia, que constitui um dos maiores desafios que se colocam a Moçambique.
Estatísticas oficiais estimam em cerca de 16 porcento a taxa global de prevalência do HIV-SIDA do país na população sexualmente activa, uma das mais altas do mundo. Entretanto, Nilza Nelson revelou a AIM que este ano (2009) o Governo norteamericano, através do seu plano de emergência para o alívio do HIV-SIDA, vai investir mais de 220 milhões de dólares em acções de melhoramento da qualidade de vida das pessoas vivendo com esta doença no pais.
Explicou que o montante vai ser aplicado em acções de prevenção, tratamento e realização de cuidados de saúde, para além da capacitação institucional, no contexto da iniciativa “Intervenção na Saúde”, do Governo norteamericano, em implementação desde 2003, tendo como objectivo diminuir as taxas de morbidade e mortalidade em África, particularmente em Moçambique.
Segundo Nilza Nelson, na província de Gaza, sul de Moçambique, esta iniciativa apoia acções de melhoramento da qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV-SIDA nas unidades sanitárias dos distritos de Bilene, Chókwè, Manjacaze, Guijá, Xai-Xai e cidade com mesmo nome.
Gaza, uma das principais fornecedoras de mão-de-obra às companhias mineiras da África do Sul, um dos países mais afectados pelo HIV-SIDA ao nível da região austral de África, tem a taxa mais elevada de prevalência desta doença em Moçambique, estimada em 27 porcento. O ONU-SIDA, programa da Organização das Nações Unidas de luta contra o HIV-SIDA, diz que o ritmo de progressão desta doença em Moçambique é também um dos mais rápidos no mundo, estimando-se que existam cerca de 500 novas infecções por dia.
Contudo, as autoridades governamentais moçambicanas dizem que, nos últimos tempos, o número de infecções do HIVSIDA diminuiu significativamente. Para o Governo moçambicano, a maior determinação política, o acréscimo dos recursos financeiros do Conselho Nacional de Combate ao SIDA (CNCS), bem como a melhor harmonização e alinhamento dos projectos apoiados pelos doadores, permitem esperar maiores progressos neste domínio.
Porém, a resposta nacional tem sido insuficiente, devido à inadequação dos recursos humanos e à falta de coordenação. Presentemente, cerca de 40 porcento dos doentes de SIDA beneficiam da terapia antiretroviral e mais de 20 porcento das grávidas infectadas têm acesso à profilaxia completa para prevenir a transmissão da mãe para o filho.
É comumente aceite que o papel do CNCS como autoridade coordenadora da luta contra o HIV-SIDA deve ser reforçada, de modo a que seja mais eficiente no combate a esta doença, que, segundo as autoridades moçambicanas, afecta sobretudo as camadas mais empobrecidas.