Os habitantes de Serra Leoa tiveram um Natal melancólico nas suas casas nesta quinta-feira, depois que o governo proibiu as tradicionais e animadas celebrações natalícias para prevenir o contágio do Ébola no país mais atingido pela doença. Pequenos grupos de cristãos tiveram autorização para ir às igrejas, mas as reuniões de família, as festas na praia, shows e danças que costumam marcar o feriado foram proibidos.
A polícia patrulhou as ruas das cidades e operou pontos de controle da temperatura das pessoas para identificar possíveis sinais da doença. No rádio, músicos que estariam participando dos shows ao vivo tocaram as músicas da campanha contra o Èbola.
“Queremos evitar o contacto por causa dessa doença mortal. É necessário, mas não estou feliz. Normalmente, eu me divertiria muito com a minha família e amigos, mas temos que ficar em casa”, disse Kadija Kargbo, na capital Freetown. Ela planeava assistir filmes com os filhos em vez de ir para a praia.
Num centro de tratamento da Cruz Vermelha na cidade de Kenema, no leste, um grupo de pacientes se reunia em volta de um toca-fitas e escutava músicas de Natal, contou Jestina Boyle, que trabalha junto com a Cruz Vermelha. “Alguns estão sentados, e aqueles muito fracos podem escutar das suas camas”, disse Boyle por telefone.
O centro teve um pequeno concerto musical para os pacientes nesta semana. Uma enfermeira com o equipamento de protecção entrou na área dos pacientes e dançou, dando a mão para duas crianças. Um dos pacientes ficou de pé e também dançou, enquanto os outros observavam.
Com mais de 9 mil casos, Serra Leoa é responsável agora por cerca de metade dos casos conhecidos do Ébola no surto deste ano no oeste da África, o pior já registrado. Os países vizinhos Libéria e Guiné-Conacri também foram bastante atingidos.
O presidente Ernest Bai Koroma anunciou uma nova operação para identificar doentes, num esforço para conter o contágio. Ao norte, no distrito de Port Loko, as autoridades pediram para os moradores ficarem em casa.