O senado brasileiro aprovou em Maio passado o projecto de parceria com Moçambique para a produção de biocombustíveis, medida que poderá tornar o país num produtor estratégico deste tipo de combustíveis. Esta aprovação é o culminar do memorando de entendimento sobre a matéria assinado em 2007 pelos governos dos dois países.
Para o director executivo da União Brasileira da Indústria da Cana-deaçúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa, este acordo entre Moçambique e Brasil “pode ser o de maior sucesso nesta área dadas as afinidades geográficas e culturais existentes entre os dois países”. O documento, que é parte da estratégia internacional brasileira de promoção do uso de biocombustíveis com base na sua tecnologia, preconiza questões técnicas e de negócios, além da formação e parcerias com países terceiros e outros organismos internacionais interessados em apoiar a implantação de projectos de biocombustíveis em Moçambique.
Contudo, mesmo antes da aprovação do documento pelo senado brasileiro, o empresariado daquele país latino-americano encontramse já em Moçambique a avaliar as condições de cultivo e refinação deste tipo de combustíveis. Líder mundial na produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, o Brasil comprometeu-se a apoiar os esforços de Moçambique na redução de importação dos combustíveis fosseis através do aumento da produção interna de biocombustíveis, uma medida que vai também contribuir para o aumento das exportações do país.
Moçambique poderá exportar etanol para a Europa sem direitos impostos ao Brasil. Ainda que sejam brasileiros, os produtores de etanol baseados em Moçambique podem ter acesso ao mercado europeu e asiático a preços competitivos. “Moçambique está na mesma latitude que a maioria das áreas competitivas das plantações brasileiras”, disse de Sousa, acrescentando que “as três áreas seleccionadas pelo Governo moçambicano para a produção de etanol têm climas similares ao do Brasil”.
Moçambique é o segundo país africano de expressão portuguesa a ter um acordo de produção de biocombustíveis com o Brasil, depois da parceria estabelecida com a Angola. Stanley Ho e Geocapital, de Ferro Ribeiro, são algumas das empresas com investimentos nessa área nos países de expressão portuguesa. Estas empresas possuem planos de plantações para a produção de biocombustíveis em Moçambique, Angola e Guine Bissau com investimentos de até mais de 40 biliões de dólares até 2018.