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Voo Rio-Paris: busca sem resultados de uma catástrofe inexplicada

França e Brasil prosseguem nesta terça-feira com as tarefas de busca do avião da Air France que desapareceu na segunda-feira sobre o Oceano Atlântico, quando voava entre Rio de Janeiro e Paris com 228 pessoas a bordo, em circunstâncias cercadas de mistério.

As autoridades francesas reconheceram que são escassas as possibilidades de encontrar sobreviventes, mais de 30 horas depois do acidente em uma zona marítima de grande profundidad, pouco mais de quatro horas depois da decolagem da aeronave no Rio de Janeiro.

Na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que conversou por telefone com o colega francês Nicolas Sarkozy, chegou a citar a esperança de encontrar sobreviventes. “Foi uma troca de condolências porque, até agora, não sabemos o dado concreto do que aconteceu. Temos apenas um informe do próprio avião, que tinha uma pane elétrica”, afirmou Lula.

Os 216 passageiros do voo AF477 Rio-Paris pertenciam a 32 nacionalidades, entre eles 72 franceses, 59 brasileiros e 26 alemães. Dos 12 tripulantes, 11 eram franceses e um brasileiro, segundo uma nova lista divulgada pela Air France. Dezenove franceses que estavam no voo ganharam a viagem ao Brasil em sua empresa de equipamentos elétricos, a francesa CGED.

Segundo a Air France, a catástrofe aconteceu a meio caminho entre as costas brasileiras e africanas. Dois aviões militares franceses, um Breguet Atlantique e um Falcon 50, reiniciaram nesta terça-feira as operações de busca. O Breguet Atlantique 2, um aparelho da patrulha marítima francesa, opera em uma área onde um piloto da TAM afirmou ter visto manchas de cor laranja na superfície do mar, explicou o capitão Christophe Prazuck.

A informação passada às autoridades brasileiras, que por sua vez repassaram a mesma às autoridas francesas, pelo piloto da TAM, que voava da Europa para o Brasil, foi a única que indicou algo fora do normal na área, mas até o momento não foi possível identificar se as manchas laranjas, detectadas na zona sob vigilância aérea senegalesa, seriam bóias ou pontos de fogo. “Recebemos as informações de um piloto brasileiro que disse ter visto reflexos na superfície da água, numa posição coerente com a última posição conhecida do A330”, declarou Prazuck. O Falcon 50 realiza voos mais próximo das costas brasileiras e deve pousar no Brasil para reabastecimento.

O ministro francês dos Transportes, Jean-Louis Borloo, afirmou que a prioridade absoluta das autoridades francesas é encontrar as caixas-pretas. Ele disse ainda que a zona onde provavelmente aconteceu a catástrofe aérea está “praticamente delimitada”. “A busca prosseguirá pelo tempo que for necessário. Mobilizamos os meios na zona e colocaremos à disposição tudo o que for necessário”, declarou por sua parte o ministro francês da Defesa, Hervé Morin.

O governo do Brasil intensificou os esforços para tentar encontrar o avião em uma zona a 1.100 km de Natal e a 100 km do espaço aéreo de Senegal, uma zona de turbulências onde se unem as massar de ar dos hemisférios Norte e Sul. Três aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) também retomaram na madrugada desta terça-feira a busca visual de vestígios do avião da Air France. “O primeiro avião, um Hércules C-130, decolou às 3H45 para chegar à zona de busca com o nascer do sol. Outro Hércules saiu às 4H00 e uma terceira aeronave iniciou voo às 4H40”, afirmou uma fonte da FAB à AFP por telefone.

As três aeronaves decolaram de uma base aérea de Natal, o ponto continental mais próximo do arquipélago de Fernando de Noronha, onde foi montado um dispositivo especial para coordenar as tarefas de busca. A Força Aérea Brasileira utilizou durante toda a noite duas aeronaves que realizaram buscas eletrônicas do avião da Air France, com frequências de rádio e radares de abertura sintética, mas sem conseguir resultados alentadores.

O Brasil mobilizou seis aviões, dois helicópteros e três navios para as operações. “Por volta de 100 pessoas estão envolvidas na operação”, informou uma fonte do Comando da Aeronáutica. Os esforços esperam detectar qualquer tipo de sinal ou vestígio da aeronave desaparecida, inclusive os destroços provocados por uma eventual colisão contra a água.

Os Estados Unidos também ajudam a determinar o que aconteceu com o Airbus A330 da Air France que desapareceu na segunda-feira sobre o Oceano Atlântico, afirmou o presidente Barack Obama ao canal francês i-TV. “Os Estados Unidos darão toda a ajuda necessária para compreender o que aconteceu”, afirmou Obama em uma entrevista exclusiva à emissora francesa. “Nosso coração está ferido por esta notícia, ainda mais por não sabermos exatamente o que aconteceu. Meus pensamentos estão com as famílias que esperam”.

Os parentes dos passageiros poderão, se assim desejarem, viajar até a a zona da catástrofe, de acordo com uma decisão do presidente Sarkozy, anunciou o ministro Borloo.

Já o secretário de Estado de Transportes, Dominique Bussereau, informou que o presidente da República receberá na próxima segunda-feira no Palácio do Eliseu as família das vítimas do Airbus A330 da Air France. As causas de catástrofe, a pior da história da companhia aérea francesa e a primeira de um Airbus A330 comercial, continuam cercadas de mistério.

A Air France chegou a citar a a possibilidade do avião ter sido atingido por um raio ao entrar em uma zona meteorológica agitada, de muita turbulência. “Este tipo de avião está preparados para enfrentar tempestades tropicais, mas deve ter acontecido um acúmulo de circunstâncias”, afirmou Borloo à AFP.

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