Uma juíza sul-africana condenou nesta sexta-feira o atleta olímpico e paralímpico sul-africano Oscar Pistorius por homicídio culposo, por ter morto em Fevereiro do ano passado a sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp. Após a condenação a próxima batalha do astro sul-africano do atletismo será conseguir ficar fora das grades da notória prisão C-Max, localizada em Pretória.
O atleta de 27 anos, que tem as duas pernas amputadas e foi um dos grandes nomes do atletismo mundial, permaneceu impassível no banco dos réus com as mãos cruzadas, enquanto a juíza Thokozile Masipa lia o veredicto, que poderá resultar numa pena máxima de 15 anos de prisão.
Pistorius foi inocentado de duas outras acusações, não relacionadas, sobre posse de armas – a posse ilegal de munição e disparar para o alto através do tecto solar do seu carro – , mas foi condenado por atirar debaixo de uma mesa num restaurante lotado de Johanesburgo.
Batalha para evitar presídio mais cruel da África do Sul
Após a condenação a próxima batalha de Pistorius será conseguir ficar fora das grades da notória prisão C-Max, em Pretória. O presídio, um monstruoso edifício de tijolo e aço com a reputação de ser a penitenciária mais barra-pesada da África do Sul, está a uma pequena distância do tribunal onde o julgamento do astro do atletismo aconteceu.
A sua equipe de defesa vai argumentar que um homem que não tem condenação anterior não pode ir para a C-Max, onde dezenas de dissidentes políticos foram detidos e executados pelo regime de minoria branca que governou a África do Sul até 1994.
A África do Sul aboliu a pena de morte logo após Nelson Mandela ter sido eleito o primeiro presidente negro, e a ala onde os presos eram executados é agora um museu para lembrar das atrocidades do apartheid. Mas a reputação da prisão permanece intacta como o pior lugar neste país – abrigo permanente de ladrões, estupradores e assassinos, tomada pela violência de gangues e abuso físico e mental.
“Quando você chega lá, as grandes gangues vão para cima de você. Eles têm facas e lâminas. Alguns têm armas”, disse Serge Christiano, um angolano que cumpriu pena na C-Max durante sete anos, esperando pelo julgamento de tentativa de assassinato e assalto a mão armada. “Quando novas pessoas chegam, os caras oferecem a ele uma xícara de chá com remédio de dormir. Quando elas desmaiam, elas são estupradas”, disse Christiano, que foi depois libertado sem acusações contra ele.
Por 23 horas diárias, os prisioneiros são mantidos em grupos de 70 numa cela projectada para 35 pessoas. Quando deixam a cela, mesmo para um banho ou para receber uma visita, são algemados pelos pulsos e tornozelos.
Se a C-Max representa o lugar mais barra-pesada de todos, outras prisões na maior economia da África estão longe de serem suaves. No ano passado, o governo interveio e assumiu a administração do presídio de segurança máxima de Mangaung, com 3.000 internos, das mãos da empresa de segurança britânica G4S, após relatos de tortura de prisioneiros com choques eléctricos – algo que a empresa nega.