Os primeiros-ministros da Índia e do Paquistão ofereceram ajuda um ao outro nos esforços para aliviar a destruição causada pelas inundações na disputada região de Caxemira, no Himalaia, reduzindo as tensões entre os dois países rivais depois de semanas de conflitos e retórica inflamada.
A Caxemira é dividida por uma das fronteiras mais perigosas e militarizadas do mundo. Tanto o lado indiano quanto o paquistanês foram afectados por inundações, que mataram pelo menos 239 pessoas depois das cheias dos rios.
O desastre, que deixou alagada grande parte de Srinagar, a capital do lado indiano da Caxemira, ocorre semanas depois de o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, ter cancelado as conversações de paz de alto nível e acusado o Paquistão de travar uma “guerra velada”.
O tom do líder nacionalista hindu foi mais conciliatório numa carta para o seu colega paquistanês no domingo. “É motivo de grande aflição que as chuvas do fim das monções tenham provocado estragos em muitas partes dos nossos dois países”, escreveu Modi para Nawaz Sharif, de acordo com os trechos da carta divulgados pelo seu gabinete.
“Nesta hora de necessidade, ofereço qualquer assistência de que você possa precisar nos esforços de alívio que serão realizados pelo governo do Paquistão. Ps nossos recursos estão à sua disposição.”
O ministério de Relações Exteriores do Paquistão respondeu dizendo que o governo estava “pronto para ajudar de qualquer maneira possível a mitigar o sofrimento das pessoas afectadas pelas inundações” no lado da Caxemira sob controle indiano.
É improvável que qualquer lado aceite a ajuda do outro, dada a sensibilidade militar na região, onde centenas de milhares de soldados estão alocados há décadas. Ambos os primeiro-ministros visitaram as suas respectivas áreas da Caxemira no domingo para ver a extensão da inundação.
Pelo menos 175 pessoas foram mortas por inundações e deslizamentos de terra no lado indiano da fronteira, ao passo que a Autoridade de Gestão de Desastres da Caxemira paquistanesa disse que 64 mortes foram relatadas até agora.
“A maior parte das mortes foi causada por desabamento de casas, deslizamentos de terra e incidentes de afogamento”, disse Akram Sohail, chefe da organização. “Mais de 29.406 pessoas foram afectadas em cerca de 120 vilas.”
Ao assumir o cargo em Maio, Modi convidou Sharif a ir a Déli, numa medida sem precedentes que aumentou as esperanças de progresso para resolver as diferenças entre as duas potências nucleares sobre a região da Caxemira.
A região da Caxemira, de maioria muçulmana, conhecida por suas belezas naturais, foi dividida logo depois da independência da Grã-Bretanha e repartida em 1947, quando surgiram os Estados separados da Índia e do Paquistão.
Os dois países lutaram três guerras e ficaram perto de uma quarta em 2001. Não são raros os confrontos mortais entre os dois Exércitos na linha de controle da fronteira.