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Nigéria monitora 400 pessoas que tiveram contacto com o médico que morreu por Ébola

As autoridades nigerianas estão a monitorar quase 400 pessoas em busca de sinais do Ébola depois de elas terem entrado em contacto com um médico de Port Harcourt que morreu da doença mas escondeu o facto de ter sido exposto, disse um representante de saúde da Nigéria, esta quinta-feira (4).

O doutor Abdulsalami Nasidi, director de projectos do Centro de Controle de Doenças da Nigéria, disse haver um sentimento de “desespero” devido à falta de medicamentos ou vacinas provados para tratar Ébola, que já infectou 18 pessoas na nação mais populosa da África.  Numa entrevista à Reuters em Genebra, ele disse que mais alas de isolamento estavam a ser abertas, mas expressou confiança de que não haveriam “muitos casos” lá.

Depois de ter contacto com um paciente com o Ébola, o médico de Port Harcourt, identificado pelas autoridades locais como Iyke Enemuo, continuou a tratar pacientes e encontrou-se com diversos amigos, parentes e médicos, deixando cerca de 60 pessoas em risco de contágio, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) na quarta-feira.

O médico morreu a 22 de Agosto. A esposa dele, que também é medica, e um paciente no mesmo hospital foram infectados com o Ébola, segundo a OMS. “Tudo sobre este médico era secreto. Ele violou as nossas regras de saúde pública ao tratar um paciente que estava com um agente altamente patogénico e revelou-lhe que havia tido contacto com o Ébola e não queria ser tratado em Lagos, por medo de ser colocado em isolamento”, disse Nasidi.

“Ele tratou do paciente em segredo dentro do hospital. Quando ficou doente, não revelou para os seus colegas que teve contacto com alguém com Ébola. Ele foi levado para o Hospital Geral, um hospital particular que atende toda a gente.” “Este é o único caso que efectivamente escapou da nossa rede de segurança. Estamos a pagar por isso agora”, disse Nasidi.

Ele falou durante uma reunião de especialistas da OMS que procura acelerar o desenvolvimento de drogas e vacinas para o Ébola. O vírus mortal pode propagar-se pelo contacto directo com fluídos e secreções corporais de uma pessoa infectada, ou durante os rituais de sepultamento, diz a OMS.

O mais recente surto da doença, que abrange Guiné, Libéria, Serra Leoa, Nigéria e Senegal, já deixou mais de 1.900 pessoas mortas, número maior do que todos os surtos do Ébola desde que a doença foi descoberta em 1976. “As pessoas estão a viver num Estado de desespero, vendo a doença sem cura ou vacina, mas com grande potencial de contágio”, disse Nasidi.

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