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Resposta inadequada ao Ébola causa mortes evitáveis, segundo o chefe do Banco Mundial

A “resposta desastrosamente inadequada” do mundo ao surto do Ébola na África Ocidental significa que muitas pessoas que estão a morrer poderiam ter sido salvas facilmente, disse, esta segunda-feira (1), o chefe do Banco Mundial, Jim Yong Kim, enquanto a Nigéria confirmou mais um caso do vírus altamente contagioso.

Num artigo escrito para um jornal, o presidente do Banco Mundial disse que a estrutura médica do Ocidente seria capaz de lidar facilmente com a doença, e pediu aos países ricos que compartilhem conhecimento e recursos para ajudar as nações africanas a enfrentar o Ébola.

“A crise a que estamos a assistir deriva menos do próprio vírus e mais dos vieses mortais e de informações erradas que levaram a uma resposta desastrosamente inadequada para o surto”, escreveu Kim no Washington Post.

“Muitos estão a morrer desnecessariamente”, diz o texto, co-escrito pelo professor de Harvard Paul Farmer, com quem Kim fundou a Partners In Health, uma entidade beneficente que trabalha pela melhora da saúde nos países mais pobres.

O Ébola só é transmitido por meio do contacto com os fluídos corporais de uma pessoa doente, mas medidas rigorosas são exigidas para o seu confinamento. Não há cura conhecida, apesar de o trabalho em vacinas experimentais estar a ser acelerado.

Mais de 1.500 pessoas morreram na África Ocidental devido ao pior surto da doença desde a sua descoberta em 1976 perto do rio Ebola, onde hoje está a República Democrática do Congo. Mais de 3.000 pessoas, a maioria em Serra Leoa, Guiné Conacri e Libéria, foram infectadas.

Os maus serviços de saúde exacerbaram o desafio. A Libéria tinha apenas 50 médicos para seus 4,3 milhões de moradores antes do surto, e muitos trabalhadores da área médica morreram devido ao Ébola.

A carência de produtos básicos, géneros alimentícios e equipamentos médicos ficou ainda pior devido à decisão de empresas aéreas de não voarem mais para os países mais atingidos. Várias nações vizinhas fecharam as fronteiras, e muitas organizações internacionais retiraram os seus trabalhadores estrangeiros.

A Organização Mundial da Saúde disse na semana passada que o número de mortos pode ser quatro vezes maior que o registrado até o momento, e informou que até 20.000 pessoas podem ser infectadas antes do fim do surto.

A OMS lançou um plano de 490 milhões de dólares para tentar conter a epidemia. Kim e Farmer disseram que se as organizações internacionais e países ricos preparassem uma resposta coordenada com nações da África Ocidental usando o plano da OMS a taxa de mortalidade cairia para menos de 20 por cento, ante os 50 por cento actuais.

“Estamos num momento perigoso”, escreveram os autores. “Dezenas de milhares de vidas, o futuro da região e ganhos económicos e de saúde conquistados duramente estão em risco.”

Esta segunda-feira, a Nigéria confirmou o terceiro caso do Ébola no centro petrolífero de Port Harcourt, elevando o total de infecções confirmadas no país para 16. Cerca de 200 pessoas estão sob vigilância.

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