A segunda maior cidade da Guiné Conacri, Nzerekore, foi alvo de distúrbios por causa de rumores de que funcionários do sector da saúde tinham infectado pessoas com o mortal vírus do ébola, disseram residentes e um representante da Cruz Vermelha nesta sexta-feira.
Uma multidão de jovens, alguns armados com paus e facas, armou barricadas ao redor da cidade, no sul do país, na quinta-feira e ameaçou atacar o hospital, antes que forças de segurança chegassem para restaurar a ordem.
Tiros foram disparados e várias pessoas ficaram feridas, disse Youssouf Traore, presidente da Cruz Vermelha em Guiné.
“Um rumor, que se provou totalmente falso, foi espalhado, dizendo que nós havíamos pulverizado o vírus no mercado a fim de transmitir a doença aos moradores locais”, disse Traore. “As pessoas revoltaram-se e recorreram à violência, levando soldados a intervir.”
Funcionários da Cruz Vermelha local tiveram que fugir para um quartel militar com o seu equipamento médico. Outro morador disse que as forças de segurança estavam a impedir as pessoas de deixarem os seus bairros durante a noite.
O vírus do ébola, altamente contagioso, foi primeiramente identificado no sudeste da Guiné Conacri em Março e até agora matou mais de 1.500 pessoas na África Ocidental, no pior surto registado na história. Mais de 400 pessoas morreram no país, embora a taxa de infecção seja menor do que na vizinha Libéria e em Serra Leoa.
O governo diz ter controlado a epidemia, mas expressou preocupação sobre os crescentes casos na região da fronteira do sul do país.