O ébola está a causar grande dano às economias da África Ocidental, sugando recursos orçamentários e reduzindo o crescimento económico em cerca de 4 por cento, enquanto os executivos estrangeiros deixam os países e cancelam projectos, disse o presidente do Banco de Desenvolvimento Africano, Donald Kaberuka, esta quarta-feira (27).
Com a suspensão dos serviços de companhias de transporte a levar ao isolamento da região, os governos e os economistas alertaram que o pior surto do ébola já registado pode desfazer os ganhos económicos alcançados por Serra Leoa e Libéria em seguida a uma década de guerra civil nos anos 1990.
A Air France, o braço francês da companhia Air France-KLM, comunicou, esta quarta-feira, a suspensão dos voos para Serra Leoa depois da recomendação do governo francês. A França não recomendou a suspensão dos voos para Nigéria e Guiné.
“Os rendimentos estão baixos, os níveis do câmbio estão baixos, os mercados não estão a funcionar, as companhias aéreas não estão a entrar, os projectos estão a ser cancelados, os homens de negócios estão a ir embora – isso é muito, muito prejudicial”, disse Kaberuka em entrevista na noite da terça-feira.
“Os números a que tive acesso variam de 1 por cento a 4 por cento do PIB. Isso é muito para um país com PIB de 6 bilhões de dólares”, disse Kaberuka em resposta a pedido para que quantificasse os prejuízos.
A Libéria já disse que precisaria de reduzir as suas projecções para o crescimento da economia em 2014, mas sem divulgar uma nova projecção. O vice-ministro de recursos minerais da Serra Leoa, Abdul Ignosis Koroma, também disse à Reuters que o governo não conseguiria atingir a meta de exportar 200 milhões de dólares em diamantes este ano devido ao surto do Ebola, ante 186 milhões de dólares exportados no ano passado.