João Cunha, um “empresário” português a desempenhar a sua actividade em Moçambique na área de “eventos”, há cerca de três anos, sem Documento de Identificação de Residente Estrangeiro (DIRE) nem visto de trabalho, acaba de cair nas malhas das autoridades policias devido a uma infracção que dá direito à extradição imediata.
O @Verdade apurou que não foi fácil levar João Cunha, director comercial de uma empresa de eventos denominada “Gloom”, para a esquadra, porque este, no acto que precedeu a sua detenção, terá exibido o seu celular no qual constam fotos em que ele está na companhia de Valentina Guebuza, filha do estadista moçambicano, tiradas num evento de cariz social em que a Holding, da família Guebuza, esteve representada, assim como a Focus 21.
Há cerca de uma semana que o visado está detido na 18a esquadra da Polícia da República de Moçambique (PRM), mas o seu processo de extradição, como é de lei, está a conhecer dificuldades por causa do tráfico de influências, facto que está a bloquear o processo.
No seu cartão-de-visita, João Cunha apresenta-se como director comercial da “Gloom Eventos”. A nossa reportagem soube de que a referida firma tem celebrado contratos de prestação de serviços na área de “eventos” com algumas das principais operadoras de telefonia móvel em Moçambique. A “Gloom Eventos Moçambique, Limitada” é uma sociedade por quotas e, de acordo com o Boletim da República número 26, III Série, 02 suplemento de 01 de Julho de 2011 são sócios da mesma: Assilame Abdul Rashid, José Abdul Abucabar, José Luis Rodrigues Marrafa e Nasser dos Santos Ossemane.
O objecto social da “Gloom” é a “organização, produção de eventos e publicidade; montagem de equipamentos para eventos e prestação de serviços na área de entretenimento”. A companhia em causa goza de protagonismo a esfera juvenil por organizar festas longas que chegam a durar um dia com a presença de Disk Jockeys (DJ’s) renomados dentro e fora do país.
A 01 de Setembro de 2012, sob a batuta de João Cunha, a “Gloom Eventos” organizou uma grande festa no Parque Aquático, próximo da Costa do Sol em Maputo. Foram convidados para o evento o AFRO BROS (Holanda), LEO LARGE (RSA), LADY K (Gloom), E.O.D (Gloom) e Sprite Challenge Deejays.
A 26 Abril do corrente ano, aquando da celebração do terceiro aniversário daquela empresa, João Cunha organizou um grandioso evento. O lema era: “Vamos fazer uma limpeza profunda aos teus ouvidos”.
João Cunha, segundo as nossas fontes, terá sido expulso por “alegadas burlas”. No seu perfil, na rede profissional do Linklin, consta uma passagem por Angola, onde foi diretor-geral do “Doce Hotel”, localizado na província de Benguela. Na mesma província, ele assumiu a mesma posição na empresa “BeONE, design & Communications”. Cunha saiu de Angola para Moçambique em 2011, ano que em Moçambique criou a “Gloom Eventos Moçambique Limitada”.
Nos últimos três anos, até à data da sua prisão, João Cunha passeou a sua classe em Maputo, onde se tornou referência na área de eventos até celebrar contratos com grandes empresas e estabelecer relações no circuito da família presidencial. No evento em que posou com Valentina Guebuza, várias fotos foram rapidamente difundidas no Facebook, a maior rede social à escala planetária. Cunha foi preso à entrada de um dos restaurantes da zona nobre da capital.
“Ele tirou o telefone e mostrou as suas fotos ao lado da filha do Presidente da República”, disse-nos uma fonte. As dificuldades em levar Cunha para a cadeia começaram com uma série de chamadas telefónicas que ele terá efectuado “para figuras influentes do partido Frelimo”.
O @Verdade tentou ouvir a PRM e os serviços de Migração mas sem sucesso. Este é apenas um entre muitos casos similares de estrageiros na condição de imigrantes ilegais, que muito rapidamente estabelecem relações com a nomenklatura em festas que bastem nas noites da capital do país, para prosperarem impunemente perante o silêncio cúmplice e colectivo da sociedade.