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‘@Verdade EDITORIAL: As guerras da edilidade

Temos estado atentos à caça desenfreada que o município da capital moçambicana faz contra os vendedores informais e ambulantes em virtude de os mesmos obstruírem passeios, dificultando a circulação de peões, dentre outros males que decorrem das suas actividades. Todavia, esta situação causa-nos bastante estupefacção.

É que numa cidade onde o lixo abunda cada vez mais e os esgotos rebentam pelas costuras e poluem o meio ambiente, os gestores daquela instituição do Estado deviam aplicar as suas energias no combate a estes males que ameaçam colocar em xeque a saúde dos munícipes.

Com tanto trabalho com que o município se podia ocupar, é, no mínimo, despropositado estar a perseguir gente que paga impostos e a tentar empurrá-la para um lugar onde não foram previamente criados meios para realizarem as suas actividades condignamente.

E há quem ainda acredite que as senhoras que se encontram à entrada dos mercados voltarão a ocupar as bancas que abandonaram no interior daqueles locais. A edilidade não poupa os seus esforços e continua a caçar condutores e a rebocar as suas viaturas por alegadamente estarem mal estacionadas. Em contrapartida, não há parques de estacionamento na urbe para albergar os veículos que tendem a aumentar a cada dia que passa.

O problema de estacionamento não pode ser resolvido com medidas paliativas tais como bloquear para depois aplicar multas. É preciso erguer infra-estruturas e ter-se planos que acompanham o crescimento da cidade. Não basta proibir o parqueamento em lugares considerados inadequados e sancionar supostos prevaricadores; é preciso criar lugares destinados para o efeito e assegurar que haja transporte público suficiente e decente.

As guerras da edilidade deviam ser também contra os buracos, contra a imundice que se tornou um problema comum na capital do país e, sobretudo, contra desordenamento territorial. Andar a perseguir gente que batalha pela sobrevivência é, na verdade, uma acção de entretenimento e própria de gente que quando não tem nada a fazer opta por improvisos e, por conseguinte, resvala no que temos visto.

Muita gente já deve ter constatado o facto de que a edilidade que temos não consegue manter as valas de drenagem limpas, por pura incapacidade. O município não pode estar a desencadear uma guerra contra aqueles que recorrem a meios honestos para sobreviver quando na mesma zona onde actua as ruínas são transformadas em covis de marginais.

Impedir os vendedores de realizarem os seus negócios sobre os passeios é realmente uma iniciativa louvável mas esse trabalho é nulo numa cidade onde as normas criadas para o efeito são aplicadas de forma esporádica, para além de estarem desajustada da realidade que se pretende regular.

E uma das prioridades devia ser encontrar mecanismos para conter a onda de cabritismo que consta da extensa lista dos problemas que obstam o fim da anarquia no sector dos transportes semicolectivos de passageiros. Deixem aqueles que sobrevivem de forma leal desenvolverem as suas actividades em paz.

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