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Poluição sonora perturba o descanso dos munícipes em Maputo

Os citadinos que vivem nas proximidades do campo do Grupo Desportivo de Maputo, na capital moçambicana, queixam-se de grande perturbação devida à poluição sonora decorrente dos espectáculos que são promovidos aos fins-de-semana naquele espaço que já não se destina apenas ao desporto. O ruído que se propaga a partir daquele local é de tal sorte que interfere na comunicação, e perturba o sono e o descanso dos moradores, segundo os lesados. É assim, também, no bairro do Aeroporto “B”, onde a edilidade é acusada de não dar conta do recado, apesar das várias denúncias feitas.

Na Rua Principal – assim identificada pelos moradores – no bairro do Aeroporto “B”, quando chega a sexta-feira, os residentes têm vontade de mudar de domicílio devido ao barulho, mormente porque julgam que o município ignora os seus gritos de socorro.

Um grupo de jovens estaciona viaturas em frente ao Mandela Place e fica horas a fio a “bombar” (conforme a gíria juvenil) música enquanto se embriaga. O som é sempre alto e incomoda todos os que se encontram nas redondezas, para além de não se respeitar a dor de gente enlutada. Os residentes daquele ponto da cidade de Maputo explicaram ainda que a farra a que se referem começa, quase sempre, à meia-noite de sexta-feira e continua pela madrugada até ao raiar do sol de sábado.

O Conselho Municipal da Cidade de Maputo tem conhecimento deste problema mas não muge nem tuge; por isso, o caos prevalece. No dia seguinte, os jovens retomam o divertimento até a manhã de domingo. Os munícipes disseram que não estão contra o negócio do estabelecimento comercial no qual o álcool é consumido mas pedem paz e que se respeite o repouso dos vizinhos. Herculano Manjate vive na rua em alusão e contou a 17 de Junho passado que perdeu um familiar mas ninguém se preocupou em evitar a barulheira.

A comissão de moradores está neste momento a organizar um abaixo-assinado para tentar fazer face ao problema. Um dos moradores tem um recém-nascido em sua casa. Agastado com a situação, ele transferiu o filho e a esposa para outra zona com vista a terem sossego. E o jovem lamenta que a Polícia Camarária não se dirija ao local para devolver a tranquilidade aos munícipes, pese embora, por várias vezes, tenha sido informada sobre o que se passa naquele local. “Eles simplesmente nunca aparecem…”.

Ralis, viaturas estacionadas na via pública a “bombar” música nas proximidades de residências e festas descontroladas promovidos em lugares inadequados são alguns cenários de poluição sonora a que se assiste em vários pontos da cidade capital moçambicana no fim-de-semana. Perante esta desordem, as autoridades alegam que estão a fazer o que devem, mas o certo é que na prática nada muda. Os prevaricadores continuam a fazer das suas e sem nenhuma penalização. Enquanto isso, os munícipes não podem repousar à vontade.

Naquele bairro já não se sabe a quem recorrer e a música em tom alto continua a perturbar o repouso merecido das pessoas, depois da jornada de trabalho durante o dia. As reclamações repetem-se em relação ao que se passa no campo do Grupo Desportivo de Maputo. Carlos Afonso, que mora no prédio número 1.179, na Avenida 25 de Setembro, há 34 anos, é um exemplo disso. Porém, de há alguns anos a esta parte, ele queixa-se de estar a passar por momentos de aflição devido à poluição sonora.

Na sua zona, o fim-de-semana é prenúncio de perturbação. Os proprietários daquela infra-estrutura arrendam-na para a realização de espectáculos. Para o feito, no local foram montadas colunas de som com uma potência inapropriada para uma área habitacional. Segundo o nosso entrevistado, por vezes, os shows iniciam numa sexta-feira e prolongam-se até às 6h:00 de segunda-feira. A intensidade do som perturba o sossego e a tranquilidade das pessoas que se encontram fora do raio onde geralmente decorre o evento.

“Sempre que telefono para pedir a intervenção deles (da edilidade) dizem que estão a caminho mas nunca aparecem porque não se importam com o bem-estar dos contribuintes…”. Joana Santos vive num edifício localizado mesmo ao lado do Grupo Desportivo de Maputo. Segundo a munícipe, o problema de que muitos residentes se queixam já tem barbas brancas e rijas. Há 20 anos que a senhora sofre calada porque as autoridades não mostram interesse em acabar com o caos, mas, sim, em ganhar dinheiro.

“Quando o som alto não se propaga a partir da Feira Popular, difunde- se a partir das instalações do Grupo Desportivo de Maputo, da Avenida 10 de Novembro, da Praça Robert Mugabe e da Praça da Independência ou mesmo da Avenida 25 de Setembro, onde um grupo de jovens protagoniza competições de desporto automóvel sob o olhar conivente da edilidade”, desabafou Joana, para quem o cidadão não tem direito a descanso naquela zona.

Sobre esta situação, o @Verdade contactou Michel Grispos, presidente do Grupo Desportivo Maputo. Ele foi parco em palavras e disse que o clube arrendou um espaço à DDB Moçambique.

Esta é que pode responder pelos problemas que inquietam os cidadãos em causa. Vasco Rocha, da DDB Moçambique, defendeu que a sua instituição seguiu todos os parâmetros legais para a realização de eventos nas instalações que arrendou. “Não tínhamos a noção de que eventualmente estivéssemos a cometer excessos e incomodássemos as pessoas. Não era do nosso interesse perturbar o sossego e a tranquilidade delas e pedimos desculpas por isso. Daqui para a frente vamos tentar arranjar uma forma de minimizar o incómodo…”.

Joshua Lai, porta-voz do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, reconheceu que nos últimos anos tem havido muitas pessoas a poluir o meio ambiente com aparelhos sonoros, mas também acusa os munícipes de não contribuírem para a denúncia dos indivíduos que fazem isso. “Nos casos em que alguém se queixa de uma situação igual não se indica com precisão a localização do sítio, o que dificulta a intervenção por parte das autoridades. A poluição sonora é uma infracção punível nos termos da lei. A multa está estipulada em 5.000 meticais…”.

Sobre o que se passa no campo do Grupo Desportivo Maputo, Joshua Lai considerou que aquelas instalações se encontram num local apropriado para a promoção de eventos e espectáculos e tem a autorização do município para o efeito.

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