A federação de futebol de Gana defendeu nesta quarta-feira sua decisão de fretar um avião para transportar 3 milhões de dólares em bónus aos jogadores no Brasil, dizendo que o país havia feito o mesmo nos dois Mundiais anteriores. A campanha do país do Oeste Africano no Mundial ficou manchada por uma disputa sobre o pagamento, o que prejudicou os preparativos para a última partida de Gana pelo Grupo G e levou os médios Kevin-Prince Boateng e Sulley Muntari a serem suspensos devido a conflitos internos.
O presidente de Gana, John Mahama, interveio para resolver a questão do bónus, enviando dinheiro vivo aos jogadores, embora a selecção que chegou aos quartos de final em 2010 tenha sido eliminada de qualquer modo na fase de grupos do Mundial no Brasil.
Mahama pediu então a abertura de um inquérito sobre o eventos que levaram à eliminação de Gana da Copa do Mundo e a Fifa anunciou que vai tomar medidas para assegurar que tais disputas sobre premiações não voltem a ocorrem em futuros Mundiais.
Falando a jornalistas em Acra, o presidente da Associação Ganesa de Futebol (GFA, na sigla em inglês), Kwesi Nyantakyi, disse que o uso de aviões para enviar dinheiro aos jogadores não é nenhuma novidade. “Em 2006, a mesma prática foi adotada. Dinheiro foi levado de Gana para a Alemanha e pago aos jogadores”, disse ele.
“Em 2010… dinheiro foi transportado de Gana para a África do Sul e pago aos jogadores –essa é a prática.”
O incidente provocou uma polêmica política em Gana, com o principal partido de oposição, o Novo Partido Patriótico, alegando que a prática seria equivalente a lavagem de dinheiro. “Isso é uma vergonha para o país e a África. É escandaloso e arruinou a reputação conseguida a duras penas pelo país ao redor do mundo”, disse o partido em um comunicado divulgado nesta quarta-feira.
Embora Nyantakyi tenha dito que não há nada de errado no transporte aéreo de adiantamentos de bónus aos jogadores, e que todos os impostos devidos haviam sido pagos, ele disse que a federação decidiu que a prática não era mais adequada e seria abandonada.
“Temos que assinar contratos com os jogadores e colocar a forma de pagamento de maneira clara no contrato”, disse ele. “Acreditamos que precisamos seguir adiante e buscar se refazer das cinzas para progredir a passos largos em campanhas futuras”, acrescentou o cartola.
A GFA anunciou que Kwesi Appiah vai continuar no cargo de técnico da seleção ganesa, apesar da decepção no Brasil. Appiah disse a jornalistas que não pretende voltar a convocar Boateng. “Por enquanto, não acho que ela integre meus planos”, disse o treinador antes de se negar a comentar sobre Muntari, que pediu desculpas.