Mais de 780 mil votos foram computados até domingo (29), o último dia de um referendo extraoficial sobre reformas democráticas em Hong Kong, parte de uma campanha civil que foi considerada ilegal pelas autoridades chinesas locais e do continente.
Hong Kong, centro capitalista liberal com mais de sete milhões de habitantes voltou ao domínio chinês em 1997, com ampla autonomia sob a fórmula “um país, dois sistemas”, junto com uma promessa sem data de sufrágio universal.
Enquanto Pequim diz que Hong Kong pode ir em frente com uma eleição em 2017 para escolher a autoridade máxima da cidade, a miniconstituição de Hong Kong, a Lei Fundamental, especifica que só um comité de selecção pode escolher os candidatos à liderança.
Os activistas pró-democracia querem que o processo de nomeação seja aberto para todos, em conformidade com as normas internacionais, e ameaçaram bloquear a região central de Hong Kong, lar de algumas das maiores empresas e bancos da Ásia, se a cidade não adoptar um forte método democrático para eleger seu próximo líder.
“Acho que o sinal já foi enviado a Pequim de que as pessoas de Hong Kong estão preparadas para expressar a sua opinião sobre o sufrágio universal”, disse Benny Tai, professor adjunto de direito da Universidade de Hong Kong e um dos organizadores da votação e do movimento: ‘Ocupem o Centro com Amor e Paz’.
“Esperamos que o resultado do referendo civil seja levado a sério pela SAR (Região Administrativa Especial de Hong Kong) e pelo governo chinês”. A votação extraoficial, organizada por ativistas pró-democracia tem sido conduzida, principalmente, online. Os eleitores precisam dar o número da sua identidade para evitar fraude.
Numa “cabine de votação” na Universidade chinesa de Hong Kong, no domingo, um pequeno grupo de partidários pró-Pequim, com sotaques do continente, carregavam cartazes que denunciavam a votação, enquanto quatro pessoas mergulharam no porto da cidade, Victoria Harbour, para protestar contra o referendo e foram rapidamente resgatadas.
O resultado do referendo online deve ser divulgado por volta das 11h da noite, no domingo, com a contagem geral prevista para ser anunciada na segunda-feira. Os moradores votaram pela Internet ou em cabines de votação.
O último dia de votação coincidiu com a abertura dos quartéis militares chineses para visitação do público, dando aos turistas curiosos um raro vislumbre de dentro de dois postos avançados, enquanto a tensão entre ativistas locais pela democracia e Pequim continua a crescer.
O referendo encerra-se apenas dois dias antes de uma manifestação anual a 1 d Julho, o aniversário do retorno de Hong Kong ao governo chinês, uma data que os cidadãos usam para protestar contra várias questões, incluindo o que eles percebem como um atraso intencional sobre as reformas democráticas.
Tai exortou aqueles que votaram a comparecerem no dia 1 de Julho para mostrar o seu compromisso com o sufrágio universal.