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Transportadores interdistritais agravam o preço do “chapa” na Zambézia

Os transportadores de passageiros e carga que operam nas rotas interdistritais da província da Zambézia incrementaram o preço das viagens. Segundo os automobilistas, em causa estão as multas que os agentes da Polícia de Trânsito aplicam, irregularmente, àqueles agentes económicos. No passado dia 02 de Junho, os transportadores do vulgo “chapa 100” paralisaram as suas actividades como forma de pressionar o governo provincial a agravar a tarifa.

Nos finais da primeira quinzena de Maio, os transportadores de passageiros e carga que têm como área de trabalho as rotas interdistritais da província da Zambézia reuniram-se para procurar soluções sobre as alegadas aplicações de multas injustas por parte da Polícia de Trânsito. No encontro que decorreu na cidade de Quelimane os operadores decidiram gravar o preço do “chapa”.

O governo provincial definiu que por cada quilómetro de viagem deve ser cobrado um metical e cinquenta centavos, contra os anteriores 75 centavos. O referido incremento entrou em vigor no dia 15 de Maio, mas os automobilistas não concordam, tendo paralisado as suas actividades. Os passageiros que, frequentemente, utilizam aqueles meios de transporte para desenvolverem as suas actividades diárias mostram- se apreensivos com a decisão.

O @Verdade manteve contacto com alguns automobilistas. Moisés Momade, que explora a rota Mocuba/Quelimane, trabalha para uma família que dispõe de uma frota de viaturas e tem a obrigação de entregar ao proprietário do veículo, emmédia, 3.500 meticais por dia. Segundo Momade, o ajustamento feito pelas autoridades lociais foi insignificante, pois ele considera um grande desafio alcançar as metas estabelecidas pela entidade patronal, uma vez que os preços actuais estão aquém do esforço aplicado. O automobilista faz, no mínimo, cinco viagens, transportando pessoas e bens de Mocuba a Quelimane, mas não tem sido fácil cumprir a meta.

“Não é fácil amealhar esse dinheiro por dia. Os meus colegas também passam por situação idêntica. O preço de transporte não compensa os gastos efectuados diariamente, não descurando as multas absurdas e injustas que a Polícia de Trânsito tem aplicado”, refere.

Outro automobilista que não revelou a sua identidade explicou os motivos por que não concorda com as actuais tarifas de transporte, porém, não deixou de se queixar da má actuação da Polícia. Segundo o transportador, o montante justo que se devia cobrar por cada mil metros seria de dois meticais. Várias são as justificações apresentadas por cada automobilista no que tange ao aumento da tarifa. Portanto, prevalece um clima de instabilidade entre os transportadores das diversas rotas na província da Zambézia e o executivo daquela circunscrição geográfica.

Porque agravar a tarifa de transporte?

No seio dos passageiros está a surgir uma questão e não se vislumbra uma resposta: Porque agravar a tarifa dos transportes? Isac Manuel é comerciante de laranjas na cidade de Mocuba e usa aquele meio para escoar a sua mercadoria. O transportador, que sobrevive com base no seu negócio, é da opinião de que os automobilistas estão a prejudicar a população quando paralisam as actividades, embora seja uma estratégia de pressionar a quem de direito a intervir nesse caso. Marcos Sebastião é outro comerciante e também é da opinião de que não há necessidade de se agravar o preço de transporte de passageiros e carga.

“Já foi aprovado um aumento, que partiu do anterior preço de 75 centavos por cada quilómetro, para um metical e cinquenta centavos em igual distância, mas os automobilistas não concordam com o preço. Como consequência disso, nós, os comerciantes que vamos buscar mercadoria de vários pontos da província, acumulamos prejuízos”, lamentou Sebastião.

Transportadores em greve

Os transportadores semicolectivos de passageiros da província da Zambézia paralisaram as actividades para manifestarem o seu repúdio às multas aplicadas pela Polícia Municipal, que variam de cinco mil a 10 mil meticais, em virtude de eles não possuírem carta de condução da classe “serviços públicos”.

Os “chapeiros” aproveitaram a ocasião para reivindicar o aumento da tarifa na ordem de 1.5 metical por quilómetro, propondo o incremento para dois meticais e cinquenta centavos a cada quilómetro de viagem. Osório Daúdo, presidente da Associação dos Transportadores da Província da Zambézia, disse que a exigência de aumento da tarifa vai continuar até que haja consenso entre as partes.

O representante dos transportadores terrestres e os seus membros têm receio de não alcançarem consenso com as autoridades locais, mas, segundo eles, não desistirão de reivindicar os seus direitos. Por seu turno, o director provincial dos Transportes e Comunicações da Zambézia, Alberto Manharange, considera que a exigência dos “chapeiros” é injusta e determinou um prazo de 30 dias para eles regularizarem a documentação exigida para o exercício da actividade de transporte de passageiros.

Os transportadores defendem que o reajuste da tarifa visa cobrir os custos de combustíveis e de manutenção dos seus veículos. A alegada má actuação da Polícia Camarária, que consiste na apreensão de viaturas sem justa causa, aplicação sistemática de multas e cobranças ilícitas, é um dos aspectos que engrossa a lista de reivindicações dos automobilistas que operam na província da Zambézia. Os transportadores garantem que não vão descansar enquanto o executivo não aceitar as suas exigências.

Há subida de preços em alguns produtos

A subida do preço de transporte está a reflectir-se no custo de alguns produtos na cidade de Mocuba. Dos produtos que sofreram incremento no seu custo destacam-se a laranja, a cebola e o coco. Os mercados de Mocuba já registam escassez dos produtos em alusão, sendo que os comerciantes que os possuem aproveitam-se para especular o preço. Por exemplo, cada cebola, que custava dois meticais, é comercializada a cinco. O mercado central de município de Mocuba, o maior centro comercial daquela autarquia, é o mais afectado.

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